A agenda internacional se tornará um foco de atenção em meio à agenda local, especialmente numa semana marcada por feriados, incluindo o Dia de Tiradentes, celebrado na segunda-feira, 21 de abril. O Encontro de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, programado para 21 a 26 de abril, será um dos principais eventos, com a participação significativa do Banco Central e a ausência do ministro da Fazenda. A tensão global agravada pelas tarifas impostas por Donald Trump compõe o cenário que será analisado.
No Brasil, o Congresso Nacional enfrentará pressões relacionadas à votação do projeto de anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, além de outras pautas relevantes que exigem articulação política. Entre os temas prioritários está a proposta de isenção do Imposto de Renda para ganhos até R$ 5 mil, acompanhada do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2026. O ritmo deste ano está acelerado, e as decisões precisam ser tomadas com urgência.
Durante o mesmo período da reunião dos organismos multilaterais, membros do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos realizam uma série de pronunciamentos, sem que há uma reorientação significativa nas previsões do mercado sobre a taxa básica a ser definida em 7 de maio. A indicação do conjunto de dirigentes do Fed, incluindo Jerome Powell, tem sido majoritariamente em favor da manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,50%. No entanto, a ferramenta FedWatch, da CME, ainda sugere cortes nas taxas a partir de junho, podendo chegar a 3,50% – 3,75% em dezembro.
A discussão sobre a política monetária nas principais economias do mundo será um ponto central na reunião do FMI e do Banco Mundial, assim como a questão da crescente dívida pública, tópicos que costumam ser abordados nos debates entre especialistas econômicos. No Encontro de Primavera do ano passado, foram discutidos elementos como a possibilidade de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos, a força da economia norte-americana e as perspectivas relacionadas às eleições presidenciais.
Com a nova reunião se aproximando, os impactos imprecisos das políticas de proteção comercial de Trump sobre a inflação e o crescimento global são evidentes. Não há certeza de que as disputas tarifárias serão resolvidas até julho, data que encerra o adiamento das tarifas por 90 dias para todos os países, exceto para a China.
Em encontros anteriores do FMI e do Banco Mundial, o protecionismo contido na plataforma eleitoral de Trump recebeu críticas, com alertas sobre a importância do combate à inflação global e os riscos de retrocessos nesse progresso. Em 2023, os debatedores avaliarão o papel da inflação como uma ameaça, somando-se às preocupações sobre o desaquecimento da atividade econômica global, com novas projeções para o PIB no horizonte.
Cerca de um ano atrás, as discussões envolviam finanças sustentáveis e a tributação internacional dos super-ricos, que foram aprovadas em um encontro do G20 no Brasil. Naquele momento, houve um apoio relevante à iniciativa brasileira, que buscava angariar recursos para a transição ecológica e o combate às desigualdades sociais, ainda que especialistas observassem a necessidade de colaboração contínua para produzir resultados efetivos.
O fórum deste ano do FMI e do Banco Mundial também abordará a vulnerabilidade do setor corporativo em um contexto de comércio limitado, além da crescente pressão que isso exerce sobre a estabilidade financeira global. Questões relacionadas à Inteligência Artificial e as mudanças climáticas estarão na pauta, mas provavelmente receberão menos destaque em comparação ao evento anterior, quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atuou como representante do Brasil em 2024.
Recentemente, o governo brasileiro ajustou suas metas fiscais, reduzindo a previsão de superávit primário, o que gerou discussões internas. Esse novo parâmetro foi incorporado ao PLDO de 2026, enviado ao Congresso em 15 de abril, e prevê um esforço extra financeiro significativo para cumprir as metas estabelecidas. A situação fiscal é vista como uma questão a ser debatida, especialmente após o feriado prolongado que pode ter suavizado as críticas iniciais.
A relevância do tema orçamentário será retomada com vigor após o fim do feriado, especialmente com a presença do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que se apresentará na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Após isso, Galípolo participará da reunião do FMI e do Banco Mundial de 23 a 25 de abril, acompanhado por diretores do Banco Central responsáveis pelas políticas econômica e monetária.