Inspirado na canção de Chico Buarque, o filme intitulado Geni e o Zepelim enfrenta controvérsias mesmo antes de sua estreia. A produção está sendo criticada por escalar uma atriz cisgênera, Thainá Duarte, para interpretar a travesti Geni, o que gerou acusações de transfake, um termo que se refere à prática de atores cis interpretando personagens trans. Em resposta às críticas, a diretora do filme, Anna Muylaert, se manifestou para explicar a escolha de Thainá para o papel. Ela mencionou que existem “várias leituras” tanto na letra do compositor quanto no conto de Guy de Maupassant, Bola de Seda, que serve de inspiração. “Fomos guiados pela ideia de que essa poesia pode ter interpretações diversas e que poderíamos criar uma versão amazônica da personagem com a atriz Thainá Duarte”, afirmou Muylaert, que também é conhecida por dirigir obras como O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias e Que Horas Ela Volta?.
Em sua justificativa, a diretora trouxe à tona o debate sobre a reação da comunidade trans. “Hoje, em 2025, será que a letra de Chico só pode ser vista através da perspectiva da Geni, o mito Geni, como uma mulher trans? Se a nossa leitura atual determina que somente uma trans pode interpretar Geni, teremos que reconsiderar o projeto do filme”, questionou. Este argumento provocou uma onda de críticas direcionadas a Muylaert. Liniker, uma artista conhecida, comentou que, embora respeite o trabalho de Thainá Duarte, a discussão em torno do apagamento de mulheres trans é crucial. “Estamos falando de espaço e oportunidades para atrizes trans que poderiam dar vida a essa personagem tão emblemática, que já foi retratada diversas vezes como uma pessoa trans em várias montagens no Brasil”, escreveu na legenda de um vídeo em resposta à controvérsia.
A atriz Camila Pitanga também se posicionou, ressaltando o “apagamento doloroso” que as mulheres trans enfrentam na indústria. “São poucos os personagens com protagonismo. Essa escolha é dolorosa. Admiro Thainá e seu trabalho, mas é importante discutir isso”, afirmou. Ela ainda alertou sobre o uso frequente da liberdade de expressão e interpretação, mencionando que esse discurso pode ser manipulado por detratores.
