As delegações dos Estados Unidos e do Irã se reúnem em Roma neste sábado (19) para dar continuidade às discussões sobre o programa nuclear iraniano, com uma perspectiva moderadamente otimista sobre a possibilidade de um avanço diplomático. Essas conversações ocorrem uma semana após a rodada inicial realizada em Mascate, Oman. Embora as reuniões estejam ocorrendo na Itália, espera-se que Oman desempenhe novamente o papel de mediador entre as duas partes, com a equipe dos EUA liderada pelo enviado especial Steve Witkoff e a equipe iraniana sob a liderança do Ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi.
Araghchi chegou a Roma na manhã deste sábado, conforme relatado pela mídia estatal iraniana. O presidente Donald Trump, em declarações feitas na quinta-feira (17), indicou que não está considerando ações militares iminentes contra as instalações nucleares do Irã. Ele expressou que não tem pressa em tomar tal ação, acreditando que o Irã pode ter um futuro promissor e pacífico. Durante essa conversa, Trump mencionou que sua primeira opção seria uma solução pacífica, alertando que uma segunda alternativa seria bastante prejudicial para o país persa.
Antes das discussões em Roma, Witkoff se reuniu discretamente em Paris na sexta-feira com Ron Dermer, ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, e com David Barnea, diretor do Mossad. O governo de Israel tem adotado uma postura agressiva em relação ao Irã, defendendo operações que, segundo afirmam, são essenciais para evitar que o país persa desenvolva um arsenal nuclear. Em declarações feitas na quinta-feira, o gabinete de Netanyahu enfatizou que as operações secretas de Israel contribuem significativamente para a contenção das capacidades nucleares do Irã.
Relatórios indicam que as agências de inteligência dos EUA estão cientes da possibilidade de que Israel possa tentar atacar as instalações nucleares iranianas. Witkoff se reuniu em Paris com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e as discussões incluíram a situação na Ucrânia, além de preparações para uma reunião do Irã com os aliados “E3”, que incluem França, Alemanha e Reino Unido. Rubio afirmou que os europeus enfrentam uma decisão importante sobre retomar as sanções, dada a discordância do Irã com a proposta vigente.
Araghchi, antes de chegar a Roma, também esteve em Moscou, onde se reuniu com o presidente Vladimir Putin e com o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov. Em declarações feitas em Moscou, ele expressou a esperança de que a Rússia continue a apoiar um novo entendimento entre as partes. Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, comentou recentemente que as negociações estão em um ponto crítico, enfatizando que há pouco tempo disponível para chegar a um acordo.
Desde que os EUA se retiraram do acordo nuclear em 2018, o Irã tem excedido os limites estipulados para o enriquecimento de urânio, mas insiste que não busca desenvolver armas nucleares. Recentemente, o ministro da Defesa saudita, príncipe Khalid bin Salman Al Saud, fez uma visita a Teerã, marcando um dos encontros de mais alto nível entre autoridades sauditas e iranianas nas últimas décadas. Essa visita visa fortalecer as relações diplomáticas entre a Arábia Saudita e o Irã e sinaliza a intenção do Reino em participar dos esforços de mediação para a redução das tensões na região. Contudo, fontes na Arábia Saudita expressam incerteza sobre as intenções de Trump nas negociações com o Irã, considerando-as potencialmente imprevisíveis e de curta duração.
