Em meio à incerteza sobre como os presidentes da Câmara e do Senado irão lidar com a questão da anistia para os condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, parlamentares da direita intensificam a pressão sobre o futuro político desses líderes parlamentares, caso não aprovem o projeto. Os deputados Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, e Davi Alcolumbre, do União de São Paulo, revelaram sua intenção de estender seus mandatos, buscando renovação para 2026 e, na disputa interna prevista para fevereiro de 2027, reeleição nas respectivas presidências da Câmara e do Senado.
Simultaneamente, os representantes da direita estão empenhados em fortalecer suas bancadas no Congresso para as próximas eleições. Durante uma manifestação na Avenida Paulista no início do mês, o ex-presidente Jair Bolsonaro declarou: “Me deem 50% da Câmara e do Senado que eu mudo o destino do Brasil”. Seus aliados sugerem que, caso o projeto que propõe a anistia seja arquivado, tanto Motta quanto Alcolumbre poderão encontrar dificuldades para obter apoio do ex-presidente em futuras candidaturas. A ampliação da base da direita pode ser decisiva para a reeleição desses parlamentares, conforme afirmam articuladores da proposta de anistia.
Até o momento, tanto Hugo Motta quanto Davi Alcolumbre não se manifestaram de forma clara sobre o projeto de anistia. Em sua primeira declaração sobre os eventos de 8 de janeiro, Motta classificou as ações como uma “agressão” às instituições, rejeitando a ideia de que se tratou de uma tentativa de golpe. Essa afirmação gerou uma repercussão significativa, levando Motta a se retrair. No início do corrente mês, voltou a abordar o tema, sugerindo que é necessário ter sensibilidade para corrigir possíveis excessos nas sanções, embora tenha enfatizado que a anistia não é a única questão a ser discutida no país. “O Brasil é muito maior do que isso, temos inúmeros desafios. Vamos dialogar com o Senado, que é parte dessa solução, assim como com o Judiciário e o Executivo, para buscar uma solução de pacificação”, afirmou Motta.
Por outro lado, Alcolumbre já manifestou a opinião de que a anistia não promoveria a paz no país, considerando-a como uma questão que não deve ser a prioridade do Senado. No entanto, ele também indicou a possibilidade de discutir a modulação das penas mais severas.