20 abril 2025
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Descubra as Culturas Indígenas na Fronteira Brasil-Peru

Neste 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, a discussão sobre a relevância das culturas originárias ressurge no Brasil. Contudo, na floresta amazônica, que se estende entre Brasil e Peru, diversas comunidades indígenas se encontram em situação de vulnerabilidade, dedicadas à luta pela sobrevivência ao invés de celebrações.

Recentemente, em Brasília, houve uma reunião da 8ª edição da Comissão Transfronteiriça Yurúa/Juruá/Alto Tamaya, reunindo representantes de organizações indígenas dos dois países. A agenda incluiu uma série de queixas e exigências que têm sido desconsideradas por ambos os governos, que, mesmo firmando compromissos em nível internacional sobre clima e direitos humanos, permitem que as comunidades indígenas continuem em condições precárias e ameaçadas.

Na “Declaração de Brasília”, resultado do encontro, os representantes indígenas expressaram a falta de resposta consistente dos governos para os alertas emitidos desde 2021. Os indígenas destacam que suas reivindicações parecem ser ignoradas, vivendo uma realidade marcada pela indiferença em relação às suas necessidades e direitos.

Uma das principais preocupações levantadas foi o avanço da estrada UC-105, construída de forma ilegal no Peru. Essa estrada é vista como um facilitador de crimes ambientais, como desmatamento e tráfico de madeira. Os líderes indígenas ressaltam que o apoio a tais projetos de infraestrutura viola os direitos dos povos indígenas, considerando que o Peru, assim como o Brasil, é signatário da Convenção 169 da OIT, que deve assegurar proteção a essas comunidades.

A declaração também mencionou a falta de proteção nas cabeceiras de rios como Amonia, Sheshea, Tamaya e Dorado, que são áreas sagradas e fundamentais para a manutenção dos ciclos hídricos e do equilíbrio climático. Os líderes afirmaram que não são contra o desenvolvimento, mas sim ao tipo de desenvolvimento que prioriza a exploração econômica em detrimento da proteção da diversidade sociocultural das comunidades.

Os representantes indígenas pedem que sejam ouvidos, buscando a inclusão da Comissão em fóruns de decisão no Brasil e no Peru, como o Comitê Nacional de Fronteiras. Demandam fiscalização conjunta em áreas de fronteira e proteção especial para os Povos Indígenas em Isolamento e Contato Inicial (PIACI), que enfrentam constantes ameaças de madeireiros e garimpeiros.

Além disso, os líderes relembraram o trágico assassinato de quatro líderes Ashéninka em 2014, incluindo Edwin Chota, destaque na defesa dos direitos indígenas na Amazônia peruana. Embora os acusados tenham sido condenados, todos permanecem em liberdade, enquanto a comunidade de Saweto, que sobreviveu a essa violência, continua recebendo ameaças.

Enquanto os governantes permanecem distantes das realidades enfrentadas, as comunidades indígenas mantêm-se vigilantes, preservando a parte mais significativa e frequentemente negligenciada da identidade nacional. Os povos do Yurúa, Juruá e Alto Tamaya têm importantes lições a oferecer sobre resistência e preservação cultural.

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