20 abril 2025
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Brasil: A Nova Fronteira na Transição para um Mercado Sustentável de Baixo Carbono

A COP30, importante evento internacional sobre mudanças climáticas, ocorrerá em Belém, no Pará, em 2025. Especialistas afirmam que este evento pode servir como uma plataforma para que o Brasil demonstre seu papel de liderança na transição para uma economia de baixo carbono. A criação de um mercado de baixo carbono é considerada uma estratégia fundamental para que o Brasil atenda à demanda crescente por descarbonização em suas atividades econômicas.

Com a sanção da lei que regula o mercado de carbono no Brasil, que foi aprovada no final de 2024, o setor ganhou diretrizes mais definidas. A nova regulamentação estabelece que as empresas que emitem grandes quantidades de gás carbono devem compensar essas emissões, além de incentivar a preservação de áreas verdes através da geração de créditos de carbono. A presidente da ABCarbon destaca que esse marco legal oferece oportunidades para que o Brasil se torne um protagonista nesse mercado, atraindo investimentos internacionais e promovendo um modelo de desenvolvimento sustentável.

De acordo com um economista da FGV de São Paulo, a proposta do mercado permite que as regiões que enfrentam maiores dificuldades de descarbonização comprem créditos de carbono de áreas que estão progredindo mais rapidamente na redução de suas emissões. Os créditos de carbono são documentos que confirmam que uma empresa fez investimentos em projetos que reduziram ou capturaram emissões de carbono. Exemplos de tais projetos incluem reflorestamento e a implementação de energias renováveis.

Durante a COP30, o Brasil buscará reforçar sua posição de liderança na agenda climática global, com foco na redução das emissões de gases do efeito estufa. A promoção do mercado de carbono deverá ser uma das principais estratégias do governo para atingir essas metas, demonstrando a viabilidade de aliar desenvolvimento econômico, inovação e justiça social.

Estudos apontam que o Brasil pode se beneficiar economicamente de um modelo que favoreça o crescimento sustentável, através de uma transformação em sua cadeia produtiva, atraindo investimento estrangeiro e gerando novos empregos. Um estudo do ICC Brasil estima que o país pode gerar até R$ 100 bilhões em receitas com o mercado de carbono até 2030, beneficiando setores como agronegócio, energia e florestas.

A expansão do mercado é vista como uma oportunidade para incentivar a inovação tecnológica no setor industrial brasileiro. Incentivos a um desenvolvimento sustentável podem resultar no aumento de empregos qualificados e na promoção de pesquisas científicas. Além disso, a produção de hidrogênio verde é apontada como uma área promissora, com investimentos já significativos sendo direcionados para projetos nessa área.

Com a regulamentação do mercado de carbono, os créditos se tornam rastreáveis, garantindo que os investimentos ambientais sejam mais efetivos. O novo sistema também pode atuar como um impulsionador econômico, ao incentivar práticas produtivas mais sustentáveis. À medida que as empresas se adequam às metas de emissão, elas podem obter ganhos financeiros.

A expectativa é que o mercado de carbono contribua para a redistribuição de riquezas e que o Brasil possa gerar 8,5 milhões de empregos até 2050, promovendo benefícios socioeconômicos em sincronia com iniciativas ambientais.

Entretanto, o acordo histórico entre Mercosul e União Europeia demonstrou resistências, especialmente de alguns países europeus que temem perder competitividade em relação ao Brasil, devido a padrões de produção sustentáveis. Especialistas ressaltam que o potencial verde do Brasil é significativo e, com a apresentação de práticas transparentes e sustentáveis, é possível destravar acordos internacionais.

O sucesso do mercado de baixo carbono depende, no entanto, da superação de desafios estruturais. Embora a nova legislação represente um passo importante, ela ainda precisa ser regulamentada em detalhes, estabelecendo normas claras para limites de emissões e a segurança na negociação de créditos de carbono. Há uma preocupação com a emissão de créditos sem lastro, o que compromete a efetividade dos projetos associados.

É essencial que o mercado seja auditável e gere impactos reais e positivos, garantindo que as empresas não apenas compensem suas emissões, mas também transformem seus modelos de produção. A descarbonização efetiva da economia requer mudanças profundas, fazendo com que as empresas que não se adaptarem fiquem em desvantagem competitiva.

Além disso, a desigualdade de infraestrutura entre as diferentes regiões do Brasil representa um desafio significativo. Algumas áreas do país, como o Sudeste, dispõem de estruturas adequadas, enquanto outras, como o Norte e Nordeste, enfrentam deficiências que dificultam a transição para uma economia mais sustentável. A construção de uma infraestrutura de suporte, como estações de abastecimento para veículos elétricos, é uma necessidade para a continuidade do desenvolvimento do mercado de baixo carbono.

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