A morte do papa Francisco, anunciada na segunda-feira, 21, teve um impacto significativo também no âmbito do futebol. Na Argentina, país natal de Jorge Mario Bergoglio, essa perda foi especialmente sentida. Antes de se tornar Papa, Francisco expressou abertamente sua paixão pelo esporte, em particular pelo Club Atlético San Lorenzo de Almagro, sendo referido como um verdadeiro “corvo”, o termo utilizado para descrever os torcedores do clube.
Desde a infância, a conexão de Francisco com o San Lorenzo se estabeleceu de forma sólida. Nascido e criado no bairro de Flores, onde hoje está situada a sede do clube, sua relação com a equipe se estreitou ainda mais graças ao seu pai, Mario Giuseppe Bergoglio Vasallo, que também jogou basquete pelo San Lorenzo. Os domingos em sua família frequentemente eram marcados por idas ao Viejo Gasómetro, o antigo estádio do clube, para presenciar os jogos. O jovem Bergoglio idolatrava o atacante René Alejandro Pontoni, uma figura icônica do San Lorenzo durante os anos 1940.
Em 1946, aos dez anos, Bergoglio presenciou a conquista do Campeonato Nacional pelo San Lorenzo, um marco que perdurou em sua memória. Em uma carta destinada à direção do clube, enviada após sua ascensão ao papado, ele recordou: “Têm vindo à minha memória belas recordações, começando desde a minha infância. Segui, aos dez anos, a gloriosa campanha de 1946. Aquele gol de Pontoni!”.
Mesmo após sua ordenação e ascensão na hierarquia eclesiástica, a devoção pelo San Lorenzo permaneceu forte. Em 2008, ele tornou-se sócio-torcedor do clube, com o número 88235N-0. Durante seu período como arcebispo de Buenos Aires, celebrava missas na capela do clube em seu aniversário, 1º de abril.
A eleição de Bergoglio como papa Francisco em 2013 conferiu ao San Lorenzo um novo nível de reconhecimento mundial, levando o clube a ser apelidado de “Clube do Papa”. No ano seguinte, um feito significativo para a equipe coincidiu com o pontificado de seu ilustre torcedor, quando o San Lorenzo conquistou pela primeira vez a Copa Libertadores da América. O Papa Francisco recebeu a equipe e o troféu no Vaticano, simbolizando a união de sua fé e sua paixão pelo futebol.
Apesar de ter feito uma promessa na década de 1990 de não assistir mais televisão, Francisco continuou acompanhando os resultados do San Lorenzo, através de relatos de terceiros. Essa impossibilidade de assistir aos jogos não o impediu de receber delegações de diversos times e atletas no Vaticano ao longo dos anos.
O San Lorenzo, por sua vez, demonstrou carinho e reconhecimento por seu torcedor mais famoso. Em tributo a ele, o clube decidiu homenageá-lo ao batizar seu novo estádio com o nome de “Papa Francisco”.
Com a notícia de seu falecimento, o San Lorenzo publicou uma homenagem comovente nas redes sociais, relembrando a conexão do Papa com o clube desde sua infância até o período em que se tornou Papa. “Ele sempre foi um de nós. ‘Cuervo’ como um menino e como um homem. ‘Cuervo’ como um padre e cardeal. ‘Cuervo’ também como Papa… Nós, do San Lorenzo, estamos envolvidos em profunda dor, e dizemos a Francisco: Adeus, obrigado e até logo! Estaremos juntos pela eternidade!”.