“O homem é um animal político.” Esta frase, que remete a Aristóteles, reflete a maneira como as pessoas se posicionam em diferentes tópicos dentro de suas interações sociais em busca de sobrevivência coletiva. Paulo Betti, 72 anos, graduado pela Escola de Arte Dramática da USP, tem uma trajetória marcada por experiências no teatro desde a década de 1970, durante o período da Ditadura Militar, e destacou-se em produções na TV Globo a partir da década seguinte. Em seu livro “Autobiografia Autorizada” (publicado pela Geração Editorial), ele revisita sua infância e adolescência que moldaram suas habilidades artísticas. Em uma entrevista, o ator também reflete sobre suas escolhas e convicções ao longo de sua carreira.
O artista compartilha sua origem humilde e como diversos fatores contribuíram para seu interesse pelas artes. Ele menciona a magia do ambiente em que foi criado, o talento de sua mãe e avó como contadoras de histórias e as narrativas inspiradoras que ouviu desde pequeno, incluindo fábulas italianas. A tradição oral que sua avó possuía e o papel de sua mãe, que atuava como benzedeira, também foram influências significativas. Além disso, Betti lembra do trabalho social dos padres salesianos, que o direcionaram para a escola e o apresentaram ao teatro, junto com a qualidade da educação pública disponível em Sorocaba.
Em relação a seus colegas de profissão que apoiaram a candidatura de Bolsonaro, Betti relata que, por um tempo, conseguiu manter diálogos com eles, mas chegou a um ponto em que se sentiu frustrado. Ele menciona a incapacidade de compreender como algumas pessoas, como a atriz Regina Duarte, poderiam ignorar as experiências de tortura vividas por artistas da mesma geração, como Bete Mendes, que foi uma figura proeminente e foi torturada por Ustra, um coronel da época da Ditadura.
Sobre as opiniões divergentes em relação à política, Betti expressa sua dificuldade em entender certas posturas, embora reconheça o direito das pessoas de expressarem suas crenças e opiniões, independentemente do número de seguidores que tenham. No entanto, ele questiona a lógica de criticar a democracia enquanto se mantém um posicionamento antidemocrático. Ele enfatiza que cada pessoa tem o direito de adotar a ideologia com a qual se identifica, mas se declara mais alinhado aos princípios da esquerda.
Ao abordar a Lei Rouanet, Betti se surpreende com a negação de sua eficácia por algumas pessoas. Ele contextualiza a existência dessa lei, que já dura quase quarenta anos, desde o governo Collor, e destaca a importância de sua revisão e aprimoramento, frisando que a lei facilita a distribuição de recursos para a cultura.
Betti recorda que durante as gravações da novela “Tieta”, ele fez campanha para Lula em sua corrida contra Collor, viajando pelo Brasil e se orgulhando de ter participado desse movimento. Ele também menciona que, sendo um dos sucessos da televisão brasileira, a novela estava em paralelo às suas atividades políticas.
Por fim, o ator comenta sua apreciação por remakes, mencionando que assistiu a várias versões e gostou dos resultados, já que havia perdido a oportunidade de assistir algumas delas na época de suas primeiras exibições, como o remake de “Pantanal”, que fez grande sucesso.
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