22 abril 2025
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Mulheres no Vaticano: A Revolução Promovida pelo Papa Francisco

O papa Francisco tem promovido importantes avanços na inclusão de mulheres em posições de destaque dentro da Igreja Católica. Em 2013, no início do seu papado, as mulheres representavam 19,2% dos funcionários do Vaticano. Em 2023, esse percentual aumentou para 23,4%, segundo uma pesquisa do Vatican News. O número de funcionárias na Santa Sé e na administração do Estado da Cidade do Vaticano subiu de 846 para 1.165 ao longo de sua década de pontificado. No total, a Santa Sé contava, na época, com 3.114 empregados, dos quais 812 eram mulheres, o que corresponde a um em cada quatro funcionários.

Durante o papado de Francisco, as mulheres obtiveram nomeações inéditas para vários cargos no Vaticano, além do direito de voto em assembleias globais de bispos. No entanto, a ordenação de mulheres como sacerdotes, incluindo a função de diaconisas, continua a ser um limite que não foi ultrapassado. O diaconato é um nível abaixo do sacerdócio e, até o momento, reservado aos homens, uma função que não permite a celebração de missas, a escuta de confissões nem a unção dos enfermos.

Em 2016, devido a um pedido de um grupo de freiras, foi criada uma comissão no Vaticano para estudar a história do diaconato feminino na Igreja, mas o trabalho da comissão não resultou em consenso até 2018. Uma nova comissão foi formada, mas também não alcançou um resultado unânime. Em 2019, no relatório final do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, foi reconhecido o papel fundamental das mulheres nas comunidades amazônicas, com um pedido para que líderes da região pudessem participar das discussões sobre a implementação do diaconato feminino.

Em outubro de 2023, durante a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, foi novamente solicitado um estudo sobre a possibilidade de diaconisas na Igreja. Em uma entrevista à CBS em maio de 2024, o papa expressou seu ceticismo em relação a essa questão. Ele afirmou que dar espaço às mulheres na Igreja não implica oferecer-lhes um ministério, destacando a importância da contribuição feminina em outras funções, sem a necessidade de que se tornem como os homens.

Em seu livro “Vamos sonhar juntos: O caminho para um futuro melhor”, publicado em 2020, o papa expressou a necessidade de criar espaços para que as mulheres possam liderar, garantindo que seu trabalho seja valorizado e reconhecido. Em uma entrevista em novembro de 2022, ele reiterou a importância de se reconhecer o papel das mulheres na sociedade, destacando sua capacidade única de gestão e contribuição em diferentes áreas, como a economia.

O papa também ressaltou as melhorias trazidas pela presença feminina no Vaticano. Ele citou exemplos de mudanças positivas após a inclusão de mulheres em funções-chave, como a vice-governadora do Vaticano, Raffaella Petrini, e sua decisão de nomear várias mulheres para cargos no Conselho para a Economia.

Em janeiro de 2021, mudanças foram implementadas no Código de Direito Canônico, permitindo que mulheres realizassem leituras durante a missa e distribuíssem a comunhão. Além disso, o papa nomeou a primeira mulher, Nathalie Becquart, como subsecretária do Sínodo dos Bispos, concedendo-lhe direito de voto pela primeira vez na assembleia sinodal.

Em 2023, Francisco deu passos significativos ao permitir que mulheres votassem em um conselho global de bispos, alterando sua participação anterior, que se limitava a auditoras sem direito a voto. A XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos incluiu 365 membros votantes, dos quais 54 eram mulheres, e enfatizou a necessidade de ampliar o espaço de participação feminina na Igreja.

A partir de 2021, mulheres começaram a ocupar cargos de liderança, como a primeira secretária mulher, Alessandra Smerilli, no Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral. Em 2025, a freira Simona Brambilla foi nomeada a primeira prefeita de um dos dicastérios, exercendo supervisão sobre as ordens religiosas católicas.

Em relação à ordenação feminina, o papa Francisco manteve sua posição contrária, fazendo uma distinção teológica entre o “princípio mariano” e o “princípio petrino”. Ele reafirmou essas convicções em várias ocasiões, argumentando que as diferenças entre homens e mulheres devem ser reconhecidas e que tentar anulá-las significaria negar a humanidade.

O futuro das mulheres na Igreja foi abordado em uma Conferência Internacional no Vaticano em 2024, onde o papa pediu por um discernimento cuidadoso em relação ao papel das mulheres e à preservação do seu direito à educação. Ele alertou que a discriminação contra mulheres, especialmente em contextos de violência e injustiça, é incongruente com a fé cristã. A educação das mulheres foi destacada como um caminho essencial para o avanço das sociedades, ressaltando a importância de se comprometer com essa causa.

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