O Papa Francisco, conhecido por seu humor, frequentemente fazia brincadeiras com os brasileiros, expressando seu carinho pelo país de maneira única. Com a sua passagem no dia 21 de outubro, a relação do pontífice com os católicos brasileiros também se traduz em resultados concretos: os fiéis do Brasil tornaram-se significativos contribuidores para o Óbolo de São Pedro, um fundo gerido pelo Vaticano destinado a apoiar obras de caridade promovidas pelo Papa.
De acordo com a Secretaria de Economia do Vaticano, que desempenha uma função similar à de um Ministério da Economia, o Brasil tem visto um aumento nas suas contribuições, posicionando-se como o terceiro maior doador do Óbolo em 2023. Os dados referentes ao ano anterior ainda não estão disponíveis.
Em 2022, os católicos brasileiros doaram cerca de 1,9 milhão de euros (aproximadamente 12,5 milhões de reais, considerando a taxa de câmbio atual) para o fundo de caridade do Óbolo. Esta quantia representa 3,9% da totalidade arrecadada em 2023, ficando atrás apenas dos 13,6 milhões de euros doados pelos Estados Unidos e dos 3,1 milhões dos católicos italianos. No total, os aportes de todos os países alcançaram 33,3 milhões de euros para as iniciativas de Francisco em 2023, além dos 15,1 milhões provenientes de ordens religiosas e fundações. Nos dois anos anteriores, o fundo arrecadou 48,4 milhões de euros, um incremento de 11% em comparação aos 43,5 milhões coletados em 2022, quando o Brasil contribuiu com 1,5 milhão de euros, classificando-se em quarto lugar.
O Óbolo de São Pedro é uma coleta especial realizada nas missas em honra a São Pedro e São Paulo, que acontece anualmente no dia 29 de junho. No contexto brasileiro, se essa data não coincidir com um domingo, a coleta é realizada no primeiro domingo posterior. Em 2025, a coleta ocorrerá no dia 29 de junho, uma vez que esta data cairá em um domingo.
Apesar da posição de destaque, o Brasil ainda fica atrás de nações com um número menor de católicos. Com 182 milhões de católicos, o Brasil possui o maior número de fiéis do mundo, enquanto os Estados Unidos, que lideram as doações ao fundo do Papa Francisco, têm 71 milhões de católicos, e a Itália, em segundo lugar, conta com 50 milhões.
A Secretaria de Economia do Vaticano esclarece que o montante arrecadado anualmente pelo Óbolo não estabelece um limite para o financiamento das ações beneficentes. É comum que os gastos do Óbolo superem as doações, com a diferença sendo coberta por outras fontes de renda da Santa Sé. Por exemplo, em 2022, o fundo arrecadou um total de 52 milhões de euros, entre doações e rendimentos financeiros, enquanto os gastos totalizaram 109,4 milhões de euros, distribuídos entre 236 projetos de caridade em 76 países, com 42% dos recursos destinados à África, o continente mais carente do mundo.
Durante seu papado, a preocupação de Francisco com a transparência nas finanças do Vaticano se destacou. Ele implementou a divulgação de relatórios financeiros e promoveu mudanças significativas no Banco do Vaticano e na gestão financeira da cidade-Estado de Roma. O economista escolhido por Francisco para liderar essas mudanças, padre Juan Antonio Guerrero, recebeu a incumbência de trazer clareza às contas da Santa Sé, que enfrentava acusações de lavagem de dinheiro e ligações com atividades ilegais.
