24 abril 2025
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As IAs Como Ferramentas para Combater a Desigualdade de Gênero

A executiva Alaine Charchat se destaca em diversos aspectos. Originária de um bairro de baixa renda na periferia do Rio de Janeiro, ela alcançou um cargo de liderança em uma grande multinacional. Além disso, sua trajetória se torna ainda mais notável pelo fato de ter conquistado esse espaço em um setor que historicamente apresenta desafios para a presença feminina: a Tecnologia da Informação.

No contexto do Dia Internacional das Meninas na Tecnologia da Informação e Comunicação, uma data estabelecida por uma agência da ONU há quinze anos, Alaine compartilha seu ponto de vista sobre a inclusão feminina. Desde novembro de 2022, ela ocupa a posição de Chief Information Officer (CIO) do Grupo Reckitt para a América Latina e discute como as inteligências artificiais podem ser aliadas das mulheres no ambiente de trabalho.

Sobre a relevância do Dia Internacional das Meninas da Tecnologia, a executiva acredita que a celebração desempenha um papel importante ao trazer o tema à tona. De acordo com ela, embora tenha um caráter simbólico, essa data possui o potencial de gerar um impacto significativo em um setor que historicamente tem baixa participação feminina. Um estudo da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) revelou que a presença de mulheres no setor cresceu 7,7% entre 2020 e 2023, superando em 1,5% o aumento no número de homens.

Questionada se esse avanço é motivo para otimismo, Alaine destaca que, apesar do crescimento, ele poderia ser maior. Ela observa que algumas mulheres hesitam em ingressar na área de tecnologia devido à hostilidade de certos ambientes, e menciona que em algumas empresas a inclusão ocorre de forma superficial.

Referente ao potencial das ferramentas de inteligência artificial na luta contra a desigualdade de gênero, Alaine acredita que elas podem e devem ser utilizadas. Inicialmente, elas podem auxiliar no processo de seleção de profissionais, desde que sejam eliminados potenciais vieses — uma empresa que apenas contratou homens no passado pode levar uma IA a considerar que candidatos ideais sejam semelhantes a esses. Além disso, a IA pode ser benéfica na gestão cotidiana, prevendo cenários que podem resultar em diferentes resultados com a presença maior de homens ou mulheres. Também é possível analisar a disparidade salarial, que revelou que as mulheres recebem, em média, 80% do que os homens ganham.

Entretanto, Alaine ressalta que dados e análises precisam resultar em ações concretas. Ela expressa sua oposição a medidas como cotas para mulheres, enfatizando que não gostaria de ser contratada somente por seu gênero, mas sim por suas habilidades e experiências.

Para corrigir o desequilíbrio sem recorrer a cotas, Alaine defende que deve haver um objetivo claro de igualar o número de homens e mulheres, mas sem isso se tornar uma mera formalidade. É fundamental medir o impacto das seleções, priorizando a qualidade dos candidatos. Além disso, é essencial implementar programas de promoção, mentorias e redes de apoio, que incorporem as mulheres efetivamente ao ambiente profissional.

Num cenário hipotético em que 100% dos empregos em TI fossem ocupados por homens, Alaine destaca que a inclusão feminina não é apenas uma ideia abstrata, mas algo que traz benefícios concretos. Estudos demonstram que ambientes de trabalho mistos resultam em ganhos de eficiência, ressaltando que a diversidade deve ser valorizada. Ela menciona que as mulheres tendem a ser mais resilientes e melhor equipadas para lidar com situações complexas, enquanto os homens, muitas vezes, enfrentam dificuldades em realizar múltiplas tarefas simultaneamente.

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