Os registros de importação de aço plano no Brasil devem continuar aumentando em abril, após um março de recordes. Essa previsão foi feita pelo presidente de uma associação nacional de distribuidores, que destacou que mais de meio milhão de toneladas do material estão aguardando nacionalização em apenas um dos portos do país. Atualmente, há um consumo equivalente a meio mês de aço apenas no Porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, que está enfrentando uma congestionamento de cargas.
A situação no Porto de São Francisco do Sul é crítica, com cerca de 440 mil toneladas de aço plano em navios, aguardando liberação de espaço para armazenamento, já que os armazéns estão lotados. Este porto tem se consolidado como a principal entrada de aço plano importado no Brasil, embora em março o Porto de Manaus tenha quase igualado o volume de importação do material, refletindo distorções geradas por incentivos tributários da Zona Franca, que fica distante dos principais centros consumidores de aço do país.
Em março, o Porto de São Francisco do Sul recebeu 135,6 mil toneladas de aço plano, somando 395 mil toneladas no total do trimestre. O Porto de Manaus, por sua vez, registrou 126,2 mil toneladas no mês passado, quase todo o volume trimestral de 174,2 mil toneladas. A situação foi caracterizada como “balbúrdia tributária”, uma vez que esse modelo permite que o material seja transportado de Manaus para São Paulo com custos logísticos cobertos por incentivos fiscais que todos contribuem.
No primeiro trimestre, o Porto de Manaus alcançou a segunda posição nas importações de aço plano, com uma participação que subiu para 20,8%, comparado a 5,5% no mesmo período do ano anterior. Durante o mesmo intervalo, a participação do Porto de São Francisco do Sul aumentou de 45% para 47,2%. As importações totais de aços planos no Brasil em março somaram 343,6 mil toneladas, representando um crescimento de 38% em comparação ao ano anterior, quando o regime de cotas e tarifas ainda não havia sido implementado. No trimestre, o aumento foi de 36%, totalizando aproximadamente 796,3 mil toneladas.
A entidade que representa siderúrgicas no Brasil, como Gerdau, Usiminas e ArcelorMittal, informou que as importações totais de aço, incluindo aços longos, atingiram 663 mil toneladas em março, estabelecendo um novo recorde mensal.
Em março, os distribuidores de aços planos no Brasil reportaram um aumento nas vendas de 7,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando 331,7 mil toneladas. Para abril, há uma expectativa de recuo nas vendas, projetando-se 318,4 mil toneladas. O setor finalizou março com estoques de 1,06 milhão de toneladas, um aumento de 17,2% em relação ao ano anterior, o que equivale a 3,2 meses de comercialização, considerado um nível elevado.
Em relação ao cenário de preços, observou-se que as usinas reverteram aumentos implementados no início do ano em resposta à pressão dos produtos importados. Parte do aumento de 2,8% nas vendas do trimestre pode ser atribuída a uma estratégia das usinas de aumentar o volume vendido ao final do período, oferecendo vantagens adicionais aos compradores. O presidente da associação destacou que os preços estão em um patamar desafiador e as margens de lucro estão bastante estreitas.