A Vale registrou um lucro líquido de 1,4 bilhão de dólares no primeiro trimestre de 2025, o que representa uma queda de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o lucro foi de 1,7 bilhão de dólares. Este resultado é considerado o montante atribuível aos acionistas da empresa e serve como base para a distribuição de dividendos. Em sua apresentação de resultados, a mineradora reportou uma receita líquida de vendas de 8,1 bilhões de dólares, uma redução de 4% em comparação com os 8,5 bilhões de dólares contabilizados no ano anterior.
No aspecto operacional, a Vale também demonstrou um desempenho inferior ao do primeiro trimestre de 2024. De janeiro a março de 2025, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de 3,1 bilhões de dólares, representando uma diminuição de 9% em relação aos 3,4 bilhões de dólares do mesmo período do ano anterior. A dívida líquida da companhia ao final do primeiro trimestre foi de 12,2 bilhões de dólares, um aumento de 21% em comparação aos 10,1 bilhões de dólares registrados no mesmo intervalo de 2024. A empresa informou que o prazo médio da dívida aumentou para 9,5 anos, em relação aos 8,7 anos no final do quarto trimestre do ano anterior, principalmente devido à emissão de títulos realizada em fevereiro de 2025.
O resultado financeiro da Vale também foi impactado pela queda no preço médio do minério de ferro, que passou de 123,6 dólares por tonelada no primeiro trimestre de 2024 para 103,6 dólares por tonelada entre janeiro e março de 2025, uma redução de 16%. Como muitas empresas com operações globais, a Vale apresenta seus resultados em moeda estrangeira.
No comentário sobre os resultados, o presidente da companhia destacou que a empresa observa um momento positivo na gestão de custos. No discurso, foi enfatizado que os projetos voltados à geração de valor estão em progresso, contribuindo para aumentar a flexibilidade do portfólio e melhorar a eficiência operacional. O presidente também mencionou as influências do atual cenário macroeconômico e da volatilidade do mercado nos resultados.
A revisão de ativos está avançando na Vale, que está adotando soluções asset-light, ou seja, parcerias que permitem manter o foco no mercado principal da empresa. Um exemplo mencionado é a joint venture firmada com a Aliança Energia, que também se alinha às metas de descarbonização a longo prazo da Vale. Uma vez finalizada a transação, a companhia deverá receber aproximadamente 1 bilhão de dólares em dinheiro e passará a deter 30% da joint venture, enquanto a Global Infrastructure Partners (GIP) ficará com os 70% restantes.
A transação garantirá à Vale custos de energia competitivos, com preços estabelecidos em dólares sem ajustes pela inflação. O fechamento desse acordo está previsto para o segundo semestre de 2025.
O relatório também apresentou atualizações sobre os incidentes das barragens em Brumadinho e Mariana. O acordo para reparação total em Brumadinho permanece em progresso, com cerca de 75% dos compromissos estabelecidos já cumpridos até o primeiro trimestre de 2025. Desde 2019, a Vale já realizou pagamentos de indemnizações individuais que totalizam 3,9 bilhões de reais. As despesas relacionadas a Brumadinho e à descaracterização de barragens aumentaram 137% de um ano para o outro, alcançando 97 milhões de dólares.
No caso de Mariana, a reparação da Samarco, a joint venture entre a Vale e a BHP, também continua avançando, tendo sido desembolsados 48 bilhões de reais e mais de 450 mil pessoas indenizadas até o final de março de 2025.