25 abril 2025
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Fóssil Descoberto no Brasil Revela a Formiga Mais Antiga já Registrada

Um fóssil recentemente redescoberto, localizado em uma coleção de museu no Brasil, trouxe à luz o exemplar mais antigo de formiga conhecido até o momento, conforme uma investigação científica recente. Este inseto pré-histórico, que viveu durante a era dos dinossauros, data de aproximadamente 113 milhões de anos — muito antes das espécies previamente catalogadas — e apresentava uma metodologia peculiar para capturar suas presas. O pesquisador Anderson Lepeco, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, fez essa descoberta significativa em setembro de 2024, enquanto examinava fósseis armazenados no museu.

A coleção do museu é uma das mais extensas em relação a insetos fossilizados em todo o mundo e contém espécimes da Formação Crato, no nordeste do Brasil. Essa formação geológica é amplamente reconhecida pela excepcional preservação de fósseis. O inseto recém-descrito, que foi preservado em calcário, é classificado como pertencente à subfamília Haidomyrmecinae, famosa por suas características distintas, e viveu durante o período Cretáceo, que abrange de 66 a 45 milhões de anos atrás. Essa formiga, denominada Vulcanidris cratensis, apresentava mandíbulas em formato de foice, que provavelmente eram utilizadas para prender ou empalar suas presas.

Lepeco expressou sua surpresa ao observar a peculiaridade das mandíbulas do inseto, que é considerado extraordinário. Embora outros membros conhecidos da subfamília já tenham sido encontrados, a maioria deles estava preservada em âmbar. A preservação em rocha de fósseis de insetos é considerada rara. Exemplares similares datados do Cretáceo foram encontrados em âmbar na França e em Mianmar, mas estes são aproximadamente 99 milhões de anos mais recentes. A descoberta desse fóssil no Brasil sugere que as formigas do inferno já tinham uma ampla distribuição global desde os primórdios de sua evolução.

Os pesquisadores afirmam que essa descoberta contribui para a compreensão da evolução das formigas durante o início do Cretáceo, um período marcado por mudanças significativas no ecossistema. Além disso, ela oferece pistas sobre as peculiaridades das espécies que não sobreviveram à extinção em massa que encerrou a era dos dinossauros. Utilizando tomografia computadorizada, os cientistas puderam visualizar a anatomia da formiga e suas características que se perderam ao longo do tempo.

As formigas são atualmente uma das classes de insetos mais predominantes no planeta, encontradas em todos os continentes, exceto na Antártica. Contudo, sua dominância é um fenômeno relativamente recente. Elas começaram a se diferenciar de outros grupos, como as vespas e abelhas, durante o final do Jurássico e o início do Cretáceo, há cerca de 145 milhões de anos. Após o impacto do asteroide que causou a extinção dos dinossauros, há 66 milhões de anos, as formigas se tornaram os insetos mais frequentemente encontrados no registro fóssil.

A relevância do fóssil é enfatizada por especialistas que estudam a evolução dos insetos. A inclusão deste novo exemplar no recorde estende a linha do tempo conhecida das formigas em cerca de dez milhões de anos, levantando a questão se a ausência de fósseis anteriores se devia à falta de sua existência ou à rara preservação. O fóssil também apresenta características que mostram similaridades com vespas, reforçando a ideia de ancestralidade comum. Por exemplo, as asas da formiga fossilizada continham um número maior de veias em comparação com as formigas modernas.

Imagens obtidas por microtomografia computadorizada revelaram que este inseto possuía relações próximas com outras formigas do inferno conhecidas apenas através de fósseis encontrados em âmbar. As características anatômicas do fóssil, como as mandíbulas em forma de foice projetadas para frente, são destacadas pelos pesquisadores. Esta morfologia sugere que mesmo as formigas mais primordiais desenvolveram táticas de caça sofisticadas e distintas de suas contrapartes atuais.

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