12 maio 2025
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Proposta de Acordo de Paz na Ucrânia: A Visão de Trump

É possível aceitar uma paz que não é justa? Essa é a situação enfrentada pela Ucrânia atualmente. O plano de paz proposto por Donald Trump, que está em negociação, implica na aceitação da perda de territórios que foram invadidos pela Rússia. Esta situação fere o princípio internacional da inviolabilidade das fronteiras e o senso comum de justiça, que estipula que os agressores não devem ser recompensados e que as vítimas não devem ser revitimizadas.

O plano em questão possui sete pontos principais. De forma resumida, são eles:

1. Cessar-fogo imediato, proposta aceita anteriormente pela Ucrânia.
2. Reconhecimento de fato dos territórios ocupados, resultando na perda de cerca de 20% da área da Ucrânia, que é aproximadamente do tamanho do estado de Minas Gerais e com contornos similares aos de São Paulo.
3. A Crimeia, que foi ocupada pela Rússia em 2014 sem conflito armado, passaria a ser oficialmente reconhecida como território russo. Essa medida levanta questões sobre sua legalidade no âmbito internacional e constitucionalmente, a Ucrânia não pode aceitar essa situação.
4. A Ucrânia ficaria proibida de buscar a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), embora países europeus possam estabelecer uma força de paz de forma independente.
5. A Rússia cederia uma pequena área estratégica na foz do rio Dnipro, garantindo à Ucrânia acesso ao Mar Negro.
6. Os Estados Unidos tomariam sob seu comando a usina nuclear de Zaporijia, atualmente sob controle russo, garantindo o fornecimento de energia elétrica para ambos os lados.
7. O governo americano nega, mas rumores indicam que as sanções contra a Rússia poderiam ser finalmente suspensas.

O plano claramente favorece a Rússia e traz desvantagens significativas para a Ucrânia. Especialistas afirmam que essa proposta prejudica os fundamentos de convivência entre os estados e pode abrir espaço para novos conflitos. Não há garantias de que Vladimir Putin, em uma nova investida, se limitará a ações já conhecidas; há preocupações sobre sua intenção de expandir ainda mais seu território, algo que não foi possível até agora devido à resistência corajosa da Ucrânia, apoiada pelos Estados Unidos e pela Europa.

Ainda há incertezas sobre a reação das forças armadas ucranianas. Existe uma crença equivocada de que o presidente Volodymyr Zelensky decide tudo sozinho, ignorando a influência significativa que a classe política e os comandantes militares têm sobre as decisões. Em tempos de guerra, esses líderes tendem a adotar posturas mais rígidas, já que são diretamente afetados pelas consequências.

Restaria então questionar: seria tudo isso em vão? Tantas vidas perdidas para que o país tivesse que aceitar a perda de 20% de seu território? Em 1988, o aiatolá Khomeini comparou o fim da guerra com o Iraque à ingestão de veneno, embora o Irã tivesse se mostrado resiliente, sua situação era insustentável.

A Ucrânia enfrenta uma circunstância semelhante, não tendo muitas opções: sem o apoio em armamentos e inteligência fornecido pelos Estados Unidos, estaria lutando com limitações severas.

Mesmo com essa assistência, a recuperação dos territórios ocupados se mostra um desafio impraticável. Adicionalmente, existe uma preocupação com a possibilidade de a Rússia, sob a liderança de Putin ou de um sucessor mais militarista, recorrer ao uso de armas nucleares táticas em caso de uma derrota humilhante.

Assim, a Ucrânia se vê diante de duas alternativas: considerar um acordo de paz como uma solução prática para um conflito que não pode ser vencido, com o risco de futuras perdas, ou ser vista como uma traição a uma causa justa, sendo essa uma postura arriscada para a segurança global. Nesse contexto, é evidente que não há respostas simples para questões complexas; tanto uma opção quanto a outra podem ter sua validade.

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