26 abril 2025
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Ataques de Tubarões a Humanos: Entenda a Realidade por Trás dos Incidentes

Um novo estudo, recentemente publicado na revista Frontiers in Conservation Science, fornece novas perspectivas sobre as razões por trás dos ataques de tubarões a humanos. Pesquisadores liderados por Eric E. G. Clua analisaram dados históricos na Polinésia Francesa e descobriram que muitos desses incidentes podem ser atribuídos a comportamentos de autodefesa dos tubarões, em vez de serem exclusivamente motivados pela predação, como frequentemente se presume.

O estudo revela que atividades humanas específicas, como a pesca, especialmente a pesca submarina com arpão e o manuseio de armadilhas de pesca, podem provocar reações defensivas nos tubarões. Após encontros com ações humanas percebidas como ameaçadoras, os tubarões podem responder com mordidas geralmente superficiais, criando danos mínimos e raramente resultando em fatalidades.

Além disso, os pesquisadores notaram que as mordidas de autodefesa não são precedidas dos comportamentos de aviso que normalmente caracterizam situações em que os tubarões se sentem ameaçados. Dentre esses comportamentos, natação em zigue-zague e arqueamento do corpo são comuns em circunstâncias que envolvem respostas a predadores ou territorialidade, mas não são observados em casos de autodefesa.

A análise de dados na Polinésia Francesa, uma região com uma vasta diversidade de tubarões e considerável atividade humana, revelou que, entre 1942 e 2023, foram registradas 16 mordidas altamente prováveis de serem motivadas por autodefesa. A maior parte desses incidentes ocorreu durante a harpoagem de tubarões e pesca submarina. Embora a taxa de mordidas de autodefesa represente cerca de 5% dos casos entre 2009 e 2023, os pesquisadores sugerem que essa cifra pode estar subestimada devido à subnotificação de incidentes envolvendo tubarões.

Outro aspecto significativo abordado no estudo é a distinção entre mordidas de autodefesa e aquelas motivadas por predação. As mordidas predatórias costumam resultar em grandes perdas de tecido e mortes, enquanto as mordidas de autodefesa tendem a ser menos severas. Além disso, a gravidade das lesões não está diretamente relacionada à agressão humana inicial, pois uma ação simples pode gerar a mesma resposta de defesa que uma ação mais agressiva. A anatomia dos dentes e o tamanho da espécie de tubarão desempenham um papel mais importante na gravidade dos ferimentos.

As espécies de tubarões mais frequentemente relacionadas a mordidas de autodefesa na Polinésia Francesa incluem o tubarão-de-recife-cinzento, o tubarão-limão-falciforme e o tubarão-enfermeiro-fulvo.

Os autores do estudo sublinham a necessidade de uma compreensão aprimorada sobre o risco de mordidas de tubarão e enfatizam a importância de estratégias de gestão eficazes e voltadas para a conservação. Eles criticam a tendência da mídia de classificar todas as mordidas como “ataques”, mesmo quando iniciadas por ações humanas. Essa simplificação prejudica a imagem dos tubarões e seus esforços de conservação. Reconhecer a autodefesa como uma motivação relevante pode aumentar a consciência sobre a responsabilidade humana em eventos desse tipo e contribuir para evitar medidas drásticas de controle populacional.

Conforme o estudo, a principal recomendação para prevenir mordidas de autodefesa é evitar agredir ou perturbar os tubarões. Além disso, ações bem-intencionadas, como tentar socorrer um tubarão encalhado sem o conhecimento adequado, também podem resultar em reações defensivas.

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