A Lava Jato, uma das investigações mais emblemáticas da corrupção no Brasil, continua a enfrentar reveses legais, conforme interpretações do Supremo Tribunal Federal. Um dos desdobramentos mais recentes foi a prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, relacionada a esta operação. Collor, conhecido por sua rápida ascensão ao poder em 1989, ao prometer combater a corrupção, foi condenado pelo STF por envolvimento em corrupção na BR Distribuidora.
A condenação não se baseou em provas ligadas à Odebrecht, que foram posteriormente anuladas, nem em Curitiba, onde o ex-juiz Sergio Moro foi considerado parcial. A decisão foi tomada em Brasília. Collor, que estava em seu segundo mandato como senador e tinha foro privilegiado, foi investigado pela Procuradoria-Geral da República, que encontrou evidências em um contexto distanciado de outras investigações, inclusive aquelas que afetaram o ex-presidente Lula.
Em decisões tomadas durante 2023, o Supremo constatou que Collor recebeu 20 milhões de reais para facilitar contratos irregulares da estatal. Esse caso envolveu a empreiteira UTC e foi detalhado em uma reportagem que elucidou os métodos de pagamento e a descoberta de uma tabela contendo referências ao ex-presidente.
As acusações contra Collor foram formuladas pela Procuradoria-Geral da República em 2015. Assim, o processo levou quase uma década para ser concluído. Desde sua condenação em 2023, seus advogados apresentaram múltiplos recursos, consideradas pelo ministro Alexandre de Moraes como “manobras protelatórias”. Este contexto levou Moraes a ordenar a prisão do ex-presidente, que foi detido pela Polícia Federal em uma operação noturna, enquanto se dirigia ao aeroporto.
Após a prisão, foi iniciada uma votação virtual entre os ministros do Supremo para ratificar a decisão de Moraes. O decano Gilmar Mendes, que se posicionou favoravelmente à absolvição dos réus, pediu a suspensão do processo, argumentando que ele deveria ser discutido em um plenário físico. Apesar disso, a maioria dos ministros optou por manter a prisão, o que se espera que seja confirmado até a meia-noite.
A trajetória política de Collor, que começou na presidência e passou por eventos como “Pedro Collor conta tudo”, chega ao fim em uma cela. Atualmente, seus advogados solicitam que ele cumpra a pena em Maceió, sua cidade natal, agora marcada por um novo capítulo em sua história política.