Ser mulher e atuar no setor de empreendedorismo já apresenta desafios significativos, e quando se trata do mercado de luxo, as dificuldades aumentam ainda mais. Há dois anos, uma empreendedora brasileira decidiu romper com essas barreiras ao fundar a perfumaria Felisa Beauty. Seu objetivo vai além de simplesmente criar uma marca; ela busca demonstrar que o Brasil também pode produzir e exportar produtos de alta qualidade. Atualmente, a empresa conta com uma equipe de sete colaboradoras, todas mulheres, refletindo o compromisso da fundadora com a valorização feminina no trabalho.
A fundadora possui formação em administração de empresas e, em sua trajetória, considerou por muito tempo que o universo do luxo e da beleza estava fora de seu alcance. Originária de uma família de educadores, começou sua carreira no setor financeiro, mas não se encontrou. Mudou de direção ao ingressar em uma distribuidora de marcas de luxo em São Paulo, onde trabalhou com nomes renomados. Após três anos, decidiu retornar ao Rio de Janeiro e foi convidada a trabalhar na França, expandindo ainda mais suas experiências.
O interesse pela perfumaria de luxo surgiu durante sua vivência com marcas como Dolce & Gabbana. Ao explorar esse universo, a empreendedora desenvolveu uma paixão pela complexidade da experiência do cliente e pela qualidade do produto. Quando questionada sobre o que iria empreender, brincou que somente sabia fazer uma coisa: construir marcas de luxo, uma expertise que agora alimenta Felisa Beauty.
Iniciar um negócio no setor de luxo no Brasil é uma iniciativa recente. A nova empreendedora se destacou como a única marca a ser apresentada em diversas grandes lojas, o que frequentemente gera desconfiança entre os varejistas. A aceitação da marca no mercado nacional é um desafio, pois o Brasil tem uma longa tradição de produzir bens acessíveis e em massa. No entanto, a fundadora acredita que o Brasil merece ter sua própria marca de luxo reconhecida globalmente.
O Brasil ocupa a segunda posição mundial em perfumaria, sendo superado apenas pelos Estados Unidos. Os brasileiros demonstram um grande apreço por fragrâncias, com muitos utilizando de três a cinco perfumes ao mesmo tempo, adaptando-se a cada ocasião.
Os múltiplos desafios enfrentados por uma mulher empreendedora são diários, especialmente para quem equilibra uma carreira com responsabilidades familiares. Com dois filhos pequenos, a fundadora destaca a complexidade de um empreendedorismo individual, dado que iniciou seu negócio com recursos próprios. Ela enfatiza a importância de decidir com cuidado o impacto que palavras de terceiros podem ter, particularmente em um ambiente repleto de opiniões.
Embora o mercado de beleza seja predominantemente feminino, a empresária já enfrentou machismo, especialmente ao iniciar um negócio. A percepção inicial de que sua empreitada era uma brincadeira demonstra a subestimação das capacidades femininas. Além disso, frequentemente é questionada sobre a origem do investimento em seu negócio, como se dependesse de um parceiro, o que a incomoda, pois sempre se considerou independente. Para ela, a resistência ao machismo vem com a determinação de se reerguer após momentos de desânimo.
A definição de uma marca como luxuosa considera três pontos principais. O primeiro é a qualidade, que envolve o uso de ingredientes sofisticados e sustentáveis. O segundo é a exclusividade, caracterizada pela produção em quantidade limitada, que não pode ser encontrada em qualquer lugar. O terceiro aspecto é a autonomia da marca, evidenciando sua independência no mercado.
