Claro que muitas pessoas apreciam experimentar roupas diante do espelho. No entanto, esse não é o caso de todos, e a experiência pode parecer mais divertida em montagens de filmes do que na realidade. Para aqueles que compartilham desse sentimento, a Doris, uma ferramenta de inteligência artificial brasileira, pode ser uma solução eficaz, facilitando o processo de compra tanto online quanto em lojas físicas.
Desenvolvida por uma equipe de setenta profissionais, a Doris é uma iniciativa de Marcos de Moraes, que anteriormente fundou um dos primeiros negócios bilionários da internet no Brasil. Em 2000, ele vendeu o portal Zip.Net para a Portugal Telecom por 365 milhões de dólares. Desde então, tem investido em diversos empreendimentos, incluindo a cachaça Sagatiba e marcas de moda como a Mandi. Abaixo, ele explica sua aposta na inteligência artificial, já testada por marcas conhecidas.
Moraes destaca que o setor de e-commerce está preparado para uma transformação significativa, já que, segundo ele, não houve grandes avanços nos últimos 25 anos. Identificou que uma das principais dificuldades enfrentadas pelos consumidores é a experiência de experimentar roupas.
A questão se torna ainda mais crítica em lojas físicas, onde a experiência é frequentemente considerada monótona. Nas compras online, a incerteza quanto ao ajuste das roupas leva os consumidores a realizar devoluções, resultando em taxas de conversão extremamente baixas. Com a Doris, alguns lojistas relataram aumentos significativos nessa taxa, além de um crescimento no ticket médio das compras.
A ferramenta permite que o usuário tire duas fotos de corpo inteiro e forneça informações básicas, como idade, peso e altura. As fotos não são acessadas por membros da equipe, permanecendo no dispositivo do consumidor. A partir dessas imagens, a Doris aplica virtualmente as roupas com uma precisão de 97%.
Enquanto existem outras ferramentas disponíveis, Moraes observa que muitas são apenas projeções simples de roupas. A equipe da Doris investiu anos para garantir que o ajuste das peças seja o mais realista possível, criando um ecossistema que proporciona um ciclo virtuoso para os lojistas.
Moraes explica que a ferramenta coleta dados sobre as escolhas de consumo de maneira estatística, sem comprometer a privacidade dos indivíduos. Futuramente, será possível entender como diferentes cores e estilos afetam as emoções dos consumidores durante a experiência de compra. Isso será especialmente útil para os espelhos interativos em lojas físicas, que oferecem uma alternativa à prova de roupas.
Nos casos em que o uso de provadores femininos é restrito, como no Oriente Médio, a Doris se mostra valiosa. Realizaram testes no Catar, permitindo que mulheres utilizem a ferramenta em lugares onde as opções tradicionais são limitadas. Assim, as usuárias podem fazer uso do recurso tanto em loja física quanto diretamente em seus celulares.
Quanto ao modelo de pagamento, Moraes esclarece que nunca é o consumidor quem arca com os custos. Nas compras online, a empresa recebe uma comissão sobre as vendas realizadas através da plataforma, enquanto nas lojas físicas há uma cobrança por uso da tecnologia.
