O primeiro pontífice latino-americano foi sepultado no último sábado, após uma cerimoniosa despedida que contou com a presença de líderes internacionais e aproximadamente 400.000 fiéis.
Em reunião realizada nesta segunda-feira, os cardeais definiram que o conclave para eleger o sucessor do papa Francisco terá início em 7 de maio. A convocação para a escolha da data estava marcada para as 9h00 locais (4h00 de Brasília). Inicialmente, a cerimônia poderia ocorrer nos dias 5 ou 6 de maio, após um luto de nove dias estipulado pelo Vaticano. Os cardeais, com direito a voto, foram convocados a Roma para essa importante ocasião, sendo que 80% dos 135 que podem votar foram designados pelo papa Francisco. Eles representam diversas regiões do mundo, e muitos ainda não se conhecem.
Patricia Spotti, fiel que viajou de Milão a Roma, expressou sua esperança de que o novo papa possua uma “personalidade aberta a todos”, similar à do pontífice falecido. Outros fiéis também manifestaram preocupações sobre o futuro líder da Igreja, temendo que o novo papa não mantenha o legado do argentino Francisco, que se destacou em sua luta contra os abusos sexuais na Igreja e na defesa dos pobres e migrantes. O cardeal argentino Ángel Sixto Rossi ressaltou a expectativa de que o próximo papa traga continuidade, mas não seja uma cópia do anterior.
A opinião sobre as características do novo líder da Igreja varia entre os cardeais. O cardeal italiano Giuseppe Versaldi mencionou a necessidade de continuidade, mas também de evolução. Por sua vez, José Cobo, cardeal espanhol, comentou que o conclave não será “nada previsível”, aludindo ao caráter surpreendente do papa Francisco.
O conclave, que ocorrerá a portas fechadas na Capela Sistina, tem sido objeto de fascínio por séculos. O recente filme “Conclave”, que venceu o Oscar de melhor roteiro adaptado, ajudou a popularizar ainda mais esse evento. O cardeal espanhol Cristóbal López Romero comentou que muitos cardeais viverão seu primeiro conclave, enfatizando que a realidade do evento é diferente das representações cinematográficas, que retratam tensões fictícias entre clérigos.
Entretanto, as divisões dentro da Igreja são bem reais. As reformas promovidas por Francisco geraram críticas entre setores conservadores que defendem uma mudança mais alinhada à doutrina tradicional. O cardeal do Mali, Jean Zerbo, alertou sobre a necessidade de união entre os membros da Igreja.
quanto ao tempo que o conclave poderá levar, o cardeal alemão Reinhard Marx espera que seja breve. Em contraste, Roberto Regoli, professor da Universidade Pontifícia Gregoriana, acredita que as discussões poderão se prolongar, dado o clima de polarização no catolicismo. Entre os possíveis sucessores, o cardeal italiano Pietro Parolin é um dos favoritos, tendo atuado como secretário de Estado durante o papado de Francisco. As casas de apostas colocam Parolin à frente de outros nomes, como o filipino Luis Antonio Tagle e o cardeal ganês Peter Turkson.