O cardeal Giovanni Angelo Becciu não participará do conclave, que é a votação secreta para eleger o sucessor do papa Francisco. Ele comunicou sua renúncia a outros cardeais, em um momento emotivo, segundo informações da imprensa italiana. A decisão foi tomada na manhã de uma segunda-feira, após uma reunião no Vaticano. Durante essa conversa, o cardeal Pietro Parolin apresentou a Becciu duas cartas assinadas pelo papa, nas quais ele foi formalmente excluído de participar do conclave. Essas cartas, no entanto, nunca foram divulgadas publicamente, gerando dúvidas sobre sua validade legal.
Giovanni Angelo Becciu, cuja trajetória inclui a demissão pelo papa Francisco, é um cardeal que foi afastado em meio a uma série de controvérsias. Nos últimos dias, Becciu havia afirmado que sua exclusão do conclave não deveria ser válida, pois teria recebido perdão do pontífice. O encontro realizado na Santa Sé teve como objetivo esclarecer a situação e convencê-lo a não prolongar a polêmica. Esse evento se tornou o ponto focal da quinta congregação consecutiva de cardeais, que ficou “paralisada” devido ao caso envolvendo a suspensão dos direitos do cardeal.
Nascido em Pattada, Sassari, na Itália, em 2 de junho de 1948, Giovanni Angelo Becciu foi ordenado sacerdote em 27 de agosto de 1972 e possui formação em Direito Canônico. Ele ingressou no serviço diplomático do Vaticano em 1º de maio de 1984, atuando em várias Representações Pontifícias ao redor do mundo, incluindo locais como a República Centro-Africana e os Estados Unidos.
Em 2023, Becciu foi condenado a cinco anos e meio de prisão por peculato e fraude relacionados à compra de um imóvel de luxo em Londres, resultando em um prejuízo de 139 milhões de euros para as finanças do Vaticano. Essa decisão marca um momento histórico, pois ele se tornou o primeiro cardeal a ser sentenciado por um tribunal criminal da Santa Sé. Becciu sempre sustentou sua inocência e apresentou um recurso que ainda está sob análise, sendo autorizado a residir em um apartamento no Vaticano durante o processo. Antes do início do julgamento, o papa Francisco o afastou de sua função como líder do departamento responsável pela canonização de santos e determinou que renunciasse a seus “direitos e privilégios” como cardeal.
