sexta-feira, janeiro 31, 2025
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Chimpanzés se unem para urinar em grupo e formar…

Os animais não humanos também utilizam locais públicos para suas necessidades, onde não só se aliviam, mas também se comunicam e formam vínculos. Os pontos onde a maioria dos mamíferos defeca e urina com frequência – compartilhados com outros membros do grupo – são conhecidos como “latrinas”.

A importância social desses locais foi evidenciada em uma pesquisa recente publicada na Current Biology, em que uma equipe da Universidade de Kyoto revelou pela primeira vez a natureza “contagiosa” do ato de urinar entre chimpanzés, semelhante ao fenômeno do bocejo. Anteriormente, algumas espécies de primatas, como os bugios (Alouatta), já tinham sido investigadas em relação ao uso de latrinas e ao comportamento “contagioso” da defecação, o qual parece estar associado à distribuição de nutrientes e pequenas sementes na floresta tropical. Outros primatas, como os macacos-aranha (Ateles), também demonstram comportamentos similares. O “contágio” foi observado, especialmente, em locais de defecação, o que é significativo para a disseminação de sementes e destaca o papel vital dessas espécies na conservação das florestas tropicais.

As funções dessas latrinas são diversas e abrangem desde a defesa territorial, com aumento das visitas em noites em que intrusos aparecem, até uma importante função social que facilita a comunicação entre os membros do grupo. Essas áreas centrais dos territórios são utilizadas mesmo por primatas que frequentemente se isolam.

A dinâmica social em torno das latrinas tem sido estudada por meio de diversas perspectivas. Ainda que muitos enfoquem o papel das fezes na dispersão de sementes, outros pesquisadores enfatizam a relevância da urina nesses espaços. Uma descoberta inovadora dos autores da pesquisa atual, que não havia sido reportada anteriormente, indica que esse comportamento está também relacionado ao status social. Embora os chimpanzés não sejam seres solitários e vivam em grupos, sua estrutura social é do tipo fusão-fissão, semelhante à dos humanos, onde os indivíduos se separam temporariamente em subgrupos menores antes de se reunirem novamente. Essa separação ocorre principalmente em função da distribuição de recursos e dos custos associados à vida em grupo.

O ato de urinar em sincronia pode, assim, facilitar a comunicação dentro nesse sistema social, o que foi registrado em outras espécies que tendem a ser mais solitárias. Nesse contexto, indivíduos de hierarquia inferior tendem a urinar em resposta ao comportamento de outros, sugerindo uma forma de comunicação vinculada à sua posição social, conforme os autores apontam.

É sabido que a urina carrega uma quantidade significativa de informações utilizadas por membros de um grupo para diversas funções, como status reprodutivo ou níveis de testosterona. Estudos têm mostrado como o comportamento social pode ser influenciado pela oxitocina presente na urina. Agora, devido a investigações como a realizada pela universidade japonesa, tornou-se claro que o ato de urinar em conjunto e de maneira síncrona possui um significado social relevante entre nossos primos evolutivos, sendo potencialmente uma estratégia social para os diferentes indivíduos dentro do grupo.

Você já notou que o ato de urinar também pode ter um aspecto contagioso entre os humanos? Como os autores ressaltam, ainda existem muitas questões a serem exploradas nesse campo, mas é evidente que devemos prestar atenção aos pequenos detalhes para compreendermos melhor nossa própria evolução. É surpreendente saber que diversas pesquisas neurobiológicas estudam os mecanismos que envolvem a micção voluntária humana, e algumas até investigam o papel dos banheiros públicos masculinos como espaços culturais, onde tais práticas podem estar relacionadas à expressão de masculinidade.

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