Brasília – O Banco Master vem ganhando destaque na Faria Lima nos últimos anos. Entretanto, a situação mudou em março, quando o BRB anunciou a aquisição da instituição financeira. Na terça-feira, 29 de abril, os senadores aprovaram um convite para uma audiência pública com representantes dos dois bancos.
Os senadores estão elaborando perguntas para Daniel Vorcaro, do Banco Master, e Paulo Henrique Rodrigues Costa, presidente do BRB. A primeira indagação abordará a confiança e a saúde financeira do banco privado. Parte do questionário se concentrará na oferta de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com alta rentabilidade e os potenciais riscos relacionados ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
A proposta de aquisição abrange 58% do capital total do Banco Master, totalizando R$ 2 bilhões, e envolve ativos de risco e de baixa liquidez. Os senadores desejam esclarecer a oferta de rendimentos que podem alcançar até 140% do CDB.
As questões subsequentes focarão no BRB, em razão de sua natureza pública. Os senadores defendem que a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado é o espaço adequado para esclarecer informações sobre a aquisição.
Vantagens e interesse também estarão em pauta. Os senadores questionarão os benefícios reais para o BRB ao adquirir o Banco Master e examinarão a legalidade do processo de compra na perspectiva da instituição pública. Haverá indagações sobre a transparência do banco estatal em relação a seus acionistas.
Os congressistas pretendem contar com o apoio da consultoria econômica do Senado nessa audiência, que deve acontecer na próxima semana. Os senadores do Distrito Federal expressarão preocupação pela falta de informações do BRB sobre o início das negociações.
A relação entre um banco público e um privado será outro foco das indagações, com questionamentos ao representante do BR sobre obrigações sociais, rentabilidade, segurança voltada para o desenvolvimento regional e estabilidade financeira.
O requerimento para o convite aos presidentes do BRB e do Banco Master foi aprovado com votos de parlamentares tanto da base quanto da oposição, com autoria dos senadores Izalci Lucas, Leila Barros e Damares Alves.
Além do convite, tramita no Senado um requerimento com 27 assinaturas necessário para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a aquisição e os pedidos de informação dirigidos às instituições financeiras, incluindo o Banco Central.
Em 22 de abril, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou durante audiência na CAE que a instituição não avalia a conveniência da venda ou da compra de instituições financeiras, mas sim a viabilidade econômica das operações eventualmente realizadas.
Os autores do requerimento destacam que o Banco Master “não publicou balanço de dezembro e, recentemente, tentou uma emissão de títulos em dólares, sem sucesso.” As operações do banco com precatórios, que são dívidas de governos com sentença judicial definitiva, contribuem para a atual desconfiança em relação à situação financeira da instituição.
Além disso, o documento ressalta que “em um país historicamente marcado por escândalos envolvendo estatais e fundos públicos, qualquer movimentação que envolva grandes volumes de recursos e agentes privados, que atuam de forma controversa, demanda um nível elevado de escrutínio e justificação pública.”
Tentativas de contato com as assessorias do Banco Master e do BRB vão ao encontro da solicitação de posicionamentos em relação aos convites aprovados na CAE, mas até o momento não houve resposta. O espaço permanece aberto para manifestações.
