1 maio 2025
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Grupos Estrangeiros Mostram Interesse nas Concessões de Rodovias no Brasil

O consórcio composto pela Construcap e duas empresas espanholas, Ohle e Copasa, prevaleceu no leilão do trecho da rodovia BR-040 entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG), realizado no dia 30 de abril na B3. Este leilão é um dos mais esperados entre os 11 lançados pela atual administração do governo federal desde 2023. O trecho em questão inclui um túnel de 4 km na serra de Petrópolis (RJ), cuja construção foi paralisada em 2016 pela concessionária Concer, com 80% das obras já concluídas.

A presença de consórcios com empresas estrangeiras entre os três concorrentes sinaliza um aumento do interesse internacional por leilões rodoviários no Brasil. Atualmente, a EcoRodovias, controlada pelo grupo italiano ASTM, é a maior operadora de rodovias no país, possuindo 4.800 km de estradas em oito estados. O ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou também a realização de mais 13 leilões rodoviários este ano, com potencial para atrair novos investidores estrangeiros.

O consórcio vencedor propôs um desconto de 14% sobre a tarifa básica de pedágio, uma oferta significativamente superior às de seus concorrentes: a EPR ofereceu 3,08% de desconto, enquanto a espanhola Sacyr apresentou um desconto de apenas 1%. A EPR era considerada uma forte candidata à vitória, uma vez que já gerencia um trecho adjacente da BR-040, entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, e tem se mostrado competitiva em outros leilões rodoviários, incluindo concessões estaduais em Minas Gerais e lotes de rodovias federais no Paraná. Apesar de a espanhola Sacyr ter um contrato anterior no Rio Grande do Sul, sua presença não é significativa no contexto atual de novos entrantes estrangeiros.

A concessão do trecho entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora abrange 218,9 km da BR-040, previstos investimentos de R$ 8,8 bilhões, sendo R$ 5 bilhões destinados a obras durante o contrato de 30 anos. As melhorias programadas incluem 13,1 km de duplicação, 86,6 km de faixas adicionais, 11,7 km de ciclovias, 14,6 km de vias marginais, além da conclusão do túnel parcialmente construído e a construção de outros dois túneis.

Este trecho, até então gerido pela Concer desde 1996, tinha seu contrato previsto para expirar em 2021, mas foi prorrogado judicialmente após disputas com o governo federal. Dificuldades surgiram em 2014 devido a divergências sobre um aditivo contratual para a realização da obra do túnel, que não recebeu os aportes prometidos pelo governo, resultando na recuperação judicial da concessionária em 2017.

Em discurso após o leilão, o ministro Renan Filho enfatizou a política de concessões rodoviárias do ministério. Ele destacou que os leilões realizados até agora representam um investimento total de R$ 131 bilhões, caracterizando o maior programa de concessões rodoviárias do mundo, com nove vencedores distintos. Com a concessão do trecho leiloado da BR-040, o governo federal busca resolver um dos três obstáculos pendentes nas rodovias federais do Rio de Janeiro.

O ministro mencionou também as obras em andamento na Serra das Araras, na Via Dutra (BR-116), sob concessão da CCR, que visa duplicar a rodovia com um investimento de R$ 1,5 bilhão, atualmente 25% concluídas. Além disso, anunciou a duplicação da BR-493, no Arco Metropolitano do Rio, com R$ 600 milhões investidos pela concessionária EcoRioMinas. Para 2025, estão previstos 15 leilões de rodovias federais, com quatro já agendados e outros nove com editais prontos.

O interesse de novos investidores estrangeiros no Brasil é significativo, com a Vinci Highways, por exemplo, mostrando apetite por concessões rodoviárias. No ano anterior, a empresa venceu o leilão da Rota dos Cristais, trecho da BR-040 que liga Belo Horizonte a Cristalina, com 600 km de extensão, essencial para o setor agrícola mineiro. Recentemente, o Ministério dos Transportes apresentou ao México sua carteira de concessões rodoviárias prevista para 2025.

Empresas mexicanas, como Quantum e Grupo INDI, mostraram interesse em explorar o mercado brasileiro, indicando uma tendência crescente de atratividade do Brasil para investimentos em infraestrutura. Especialistas indicam que o país tem atraído grupos internacionais devido à sua vasta programação de obras de infraestrutura. Além disso, a instabilidade global em regiões alternativas tem levado investidores a direcionar suas atenções ao Brasil, buscando oportunidades em um mercado em expansão.

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