4 maio 2025
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Startups de IA Precisam de Mais que 7 Dias na Semana para Prosperar

O anúncio de uma vaga de emprego de uma startup de inteligência artificial destaca que a posição não é para qualquer um, mencionando que a carga de trabalho pode ser intensa. A Arrowster procura um profissional proativo para apoiar seu crescimento, mas enfatiza a exigência de trabalho nos sete dias da semana. O CEO, Kenneth Chong, compara a experiência de trabalho em startups à de um atleta, que treina e se dedica além do horário convencional.

A Arrowster, que conta com apenas cinco colaboradores e está situada em São Francisco, defende que a divisão do tempo de trabalho deve ser feita em ciclos menores, permitindo períodos intensos seguidos de descanso curto, ao invés de um padrão fixo de cinco dias úteis. Chong questiona a lógica das semanas de trabalho de sete dias, sugerindo que não há razão válida para essa divisão.

Outras startups também estão adotando práticas semelhantes. A Corgi, apoiada pela Y Combinator, menciona que operar todos os dias é parte de sua cultura, com o objetivo de ultrapassar limites. Além disso, empresas como Latchbio e Autotab também estão atraindo talentos com a expectativa de trabalho em seis dias por semana.

A Mercor, que alcançou uma avaliação significativa, informa que oferece bônus de moradia para aqueles que residem próximos ao escritório. Embora tenha operado todos os dias, a empresa passou a oferecer folgas aos domingos após um ano de funcionamento, refletindo uma possível adaptação em sua política laboral.

Seis dias de trabalho não são obrigatórios na Decagon, uma startup de agentes de IA em atendimento ao cliente, mas são frequentes na cultura da empresa. O cofundador, Jesse Zhang, relata que essa prática começou de forma informal e se baseia na ideia de promover colaboração ao evitar distrações típicas de reuniões.

Historicamente, a expectativa de longas jornadas havia sido sutilmente comunicada, mas com a ascensão da inteligência artificial, novas startups estão correndo para conseguir atrair talentos em um ambiente competitivo. A intensificação da carga de trabalho, embora imposta por algumas startups, pode ser vista como uma estratégia para destacar-se frente a gigantes da tecnologia.

Longas jornadas também foram associadas a como as empresas lidam com o fenômeno da IA hoje. Muitos veem o trabalho extenuante não apenas como uma opção, mas uma vantagem competitiva que pode atrair investimentos. Publicações nas redes sociais de fundadores abordaram abertamente a falta de equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, gerando reações intensas de candidatos.

Exemplos de culturas de trabalho mais longas podem ser observados globalmente, como a norma “996” na China, que implica horário das 9h às 21h, seis dias por semana. O governo grego introduziu uma legislação que permite semanas de seis dias em setores específicos, enquanto empresas na Coreia do Sul estão exigindo que gerentes trabalhem com um calendário semelhante.

No Vale do Silício, jornadas longas fazem parte do que se considera a “cultura da correria”. Iniciativas como hackathons são comuns, e figuras proeminentes do setor, como Elon Musk e Travis Kalanick, têm defendido longas horas de trabalho. Essa prática não se limita ao setor de tecnologia, já que profissionais em Wall Street também enfrentam semanas extenuantes.

Alguns fundadores reconhecem que as atuais exigências podem se justificar em momentos de alta demanda da indústria de IA. A busca por novos colaboradores que aceitem jornadas rigorosas pode servir como um filtro para encontrar pessoas dispostas a comprometer-se com a empresa.

Embora as leis trabalhistas nos Estados Unidos não restrinjam diretamente o número de dias de trabalho, a questão do esgotamento e sua relação com a qualidade do trabalho se torna cada vez mais relevante. As empresas devem considerar os riscos associados à carga excessiva de trabalho, especialmente com profissionais mais velhos ou com responsabilidades familiares.

Após a pandemia, muitas empresas de tecnologia enfrentam desafios em manter o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, enquanto o termo “crunch” se torna um sinônimo de horas extras exigidas em projetos. As longas jornadas de trabalho também geram críticas, principalmente em setores como o de videogames, onde a pressão por lançamentos gera ambientes tóxicos.

É irônico que startups de IA, que prometem aumentar a produtividade, estejam adotando culturas de trabalho tão muitas vezes extenuantes. O CEO do JPMorgan recentemente se declarou otimista sobre um futuro com jornadas de trabalho mais curtas, enquanto empresas como a Lazarus AI indicam que a tecnologia poderia facilitar essa mudança.

Chong, da Arrowster, defende que o trabalho intenso é necessário para garantir que os benefícios prometidos pela inteligência artificial sejam de fato alcançados e implementados por suas empresas.

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