O primeiro voo repatriando brasileiros deportados pelos Estados Unidos após a chegada de Donald Trump pousou na noite dessa sexta-feira, 24, em Manaus (AM). Inicialmente, a aeronave estava programada para desembarcar em Belo Horizonte (MG) por volta das 20h, mas essa rota foi cancelada. Com 158 passageiros a bordo, a missão incluía 88 brasileiros expulsos dos Estados Unidos, além de imigrantes de outras nações, conforme informações do Itamaraty.
Embora esse seja o primeiro voo de deportados a chegar ao Brasil desde a posse de Trump, não necessariamente está vinculado à nova administração. Um outro voo, que trouxe 100 brasileiros, chegou ao aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, dia 10 de janeiro, durante o governo de Joe Biden. Esses voos costumam ocorrer periodicamente, com frequência mensal ou até duas vezes por mês.
De acordo com uma fonte ligada ao Itamaraty, a gestão de Trump não teria tido tempo suficiente para organizar a deportação de um grande número de imigrantes ilegais para seus países. “É bem provável que isso ainda não esteja relacionado à política de imigração do governo Trump”, afirmou. Contudo, em uma abordagem favorável ao discurso anti-imigração, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, compartilhou no X uma imagem de um grupo de estrangeiros embarcando em um avião, com a legenda “os voos de deportação começaram”. Na quinta-feira, 23, Karoline informou que 538 imigrantes ilegais de diversas nacionalidades haviam sido detidos. O Itamaraty ainda não recebeu informações sobre a presença de brasileiros nessa lista.
O retorno desses imigrantes ao Brasil está vinculado a um acordo firmado entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos em 2017, durante o primeiro mandato de Trump, com o então presidente Michel Temer. Desde então, os brasileiros em situação de imigração ilegal passaram a ser deportados sem a possibilidade de apelação. Alguns defendem que essa medida tem um aspecto humanitário, já que essas pessoas eram encarceradas nos EUA e agora estão sendo liberadas no Brasil.
No seu segundo mandato, Trump parece demonstrar que será ainda mais rigoroso em relação à imigração. O discurso anti-imigração foi uma constante durante sua campanha, e na primeira semana de governo, ele implementou uma série de regras que tornaram o processo migratório mais rígido. Uma dessas medidas, considerada inconstitucional, nega cidadania a filhos de imigrantes ilegais que nascem em solo americano. A Justiça Federal já foi acionada e a Suprema Corte dos Estados Unidos deve avaliar a legalidade desse decreto.