5 maio 2025
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Descubra o Império Verde de Renato Machado na Serra da Mantiqueira

“Este projeto é voltado para um horizonte de dois mil anos.” Assim define o empreendimento socioambiental Ibiti, que foi iniciado nos anos 1980 nas proximidades do Parque Estadual do Ibitipoca, localizado em uma ramificação da Serra da Mantiqueira, no estado de Minas Gerais. Atualmente, o Ibiti combina diversas iniciativas inovadoras com as comunidades locais, estruturando um modelo de negócios centrado no turismo regenerativo. O projeto abrange mais de 6 mil hectares dedicados à rewilding, a aproximadamente duas horas de carro do aeroporto da Zona da Mata, e foi desenvolvido de maneira gradual ao longo dos anos.

O fundador do projeto, um economista natural de Juiz de Fora, começou sua trajetória empresarial na área de mineração e construção, junto a sua família. No ano de 1984, adquiriu uma fazenda nas redondezas do parque estadual com a intenção de convertê-la em uma reserva ambiental. O empreendedor reflete sobre as consequências da ação humana no meio ambiente e observa que sua geração é a que teve o maior impacto de destruição até o momento, considerando a degradação que afetou a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica.

Desde o início do projeto, o fundador tem adquirido gradualmente mais terras ao redor do parque, visando criar um cinturão verde para conter a degradação urbana. Atualmente, a área do Ibiti é superior à do próprio Parque Estadual do Ibitipoca. Nesse espaço, foram desenvolvidas várias iniciativas, ou “empreendimentos”, como são frequentemente chamados. Isso inclui quatro opções de hospedagem, um centro de agricultura ecológica, uma escola e uma cooperativa feminina, gerando cerca de 300 empregos na região.

O programa Ibiti Empreendedores tem como objetivo que cada nova iniciativa opere de forma independente, com a gestão local, incentivando os moradores e profissionais da área a desenvolver e gerenciar seus próprios negócios dentro do Ibiti. Um exemplo notável é Cláudia Baumgratz, uma empreendedora local que lidera o Engenho Lodge, a opção de hospedagem mais luxuosa do projeto, oferecendo uma experiência que valoriza a sustentabilidade e o atendimento de qualidade em uma encantadora construção colonial com apenas oito suítes.

Cláudia destaca a importância de pensar em impacto real ao iniciar um negócio no Ibiti, enfatizando que o crescimento deve ocorrer em harmonia com o território e em respeito à natureza e à comunidade. O Engenho Lodge oferece diversas comodidades e experiências aos hóspedes, como jacuzzi, sauna, spa e gastronomia de alta qualidade, com pensão completa e passeios guiados inclusos nas diárias.

Outra iniciativa de destaque é o projeto “Meninas do Engenho”, que visa eliminar desperdícios na cozinha do lodge, por meio da produção de bolos, biscoitos e conservas, que são vendidos aos hóspedes. Todo o lucro gerado destina-se às mulheres responsáveis pela culinária do hotel.

O Ibiti é descrito como “um organismo vivo”, onde a planejação é contínua e adaptativa. Além do Engenho Lodge, o projeto conta com outras duas opções de hospedagem já consolidadas, como o Ibiti Village, que oferece acomodações em casas reformadas de um pequeno vilarejo e conta com um restaurante vegetariano, cinema e escola, e o Ibiti Remote, que proporciona um retiro imerso na natureza, gerenciado por um casal local.

Um novo empreendimento, a primeira Casa de Vidro, está programado para ser lançado até o fim do primeiro semestre. Este alojamento automatizado se localiza em uma área elevada da reserva, com paredes de vidro que garantem vistas ininterruptas da natureza ao redor.

Os hóspedes de qualquer uma das acomodações do Ibiti têm acesso a uma gama de atividades ao ar livre, como trilhas, banhos em rios e lagos, passeios de bicicleta, cavalgadas, e esportes aquáticos.

Reconhecido anteriormente como Reserva do Ibitipoca e Comuna do Ibitipoca, o projeto ganhou notoriedade nas redes sociais, especialmente devido às esculturas My Big Family, criadas pela artista americana Karen Cusolito, que foram instaladas em uma das partes mais altas da reserva. Essas esculturas, feitas de metal reciclado, possuem até seis toneladas e nove metros de altura cada uma e se integram à vegetação local.

O Ibiti se apresenta como um santuário ecológico, com um modelo de turismo regenerativo que busca apoiar as comunidades locais e conservar o ambiente. O projeto inclui um centro de reciclagem para compostagem de resíduos orgânicos e está comprometido com a reintrodução de espécies nativas, além de utilizar energias renováveis.

O fundador do projeto deseja transformar o Ibiti em um laboratório para negócios regenerativos, garantindo que os restaurantes utilizem produtos locais sempre que possível. A produção da Gaia Produtos Ecológicos, parte do projeto, se destaca pela oferta de alimentos cultivados sem agrotóxicos e já está se expandindo para mercados internacionais, inclusive com a comercialização de café.

A instituição também abriga a Life School, uma escola multilíngue voltada para crianças da comunidade e filhos de colaboradores, que promove uma abordagem pedagógica que prioriza a liberdade e o contato com a natureza.

Além disso, o Ibiti está desenvolvendo o projeto Ibiti Regenera, que propõe um modelo exclusivo de crédito de carbono baseado em reflorestamento e regeneração do solo. O objetivo é criar um sistema claro e íntegro, incentivando investidores e empresas a não apenas compensar, mas contribuir com a regeneração ambiental.

Focando em parcerias com empreendedores, universidades e investidores de longo prazo, o Ibiti também se transforma em um espaço para retiros de bem-estar, concertos, debates e eventos como o festival Muriqui Sounds.

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