8 maio 2025
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Mergulhadoras Sul-Coreanas: A Revolução da Vida Subaquática!

Uma ilha localizada a 80 quilômetros da ponta sul da Península Coreana abriga uma comunidade particular de mulheres conhecidas como Haenyeo. Essas mulheres praticam mergulho o ano todo na Ilha de Jeju, coletando ouriços-do-mar, abalones e outros frutos do mar, alcançando profundidades de até 18 metros e permanecendo submersas por quatro a cinco horas diariamente. Elas mergulham durante a gravidez e na velhice, sem o uso de equipamento de respiração, utilizando apenas uma roupa de mergulho. A prática desse mergulho matrilinear remonta a milhares de anos, com mulheres ensinando suas filhas desde jovens.

Pesquisadores internacionais, incluindo profissionais da Coreia do Sul, Dinamarca e Estados Unidos, investigaram as habilidades dessas mergulhadoras, questionando se possuem uma genética única que permite períodos prolongados sem oxigênio ou se essa capacidade resulta de um extenso treinamento ao longo da vida. Os achados da pesquisa, divulgados na revista científica Cell Reports, indicam que as Haenyeo desenvolveram variações genéticas que as ajudam a lidar com o estresse físico do mergulho livre. Essas descobertas podem futuramente contribuir para o tratamento de problemas relacionados à pressão arterial.

A tradição de mergulho é uma parte integral da cultura de Jeju. Embora a razão pela qual se tornou uma atividade predominantemente feminina não seja totalmente entendida, especula-se que isso possa ter relação com restrições financeiras impostas a mergulhadores masculinos ou à escassez de homens na região. O mergulho é tão essencial que a língua local apresenta uma forma de abreviação para facilitar a comunicação entre os mergulhadores.

Contudo, a prática está em declínio. Jovens mulheres não estão mais mantendo essa tradição matrilinear, e a média de idade das atuais mergulhadoras é de cerca de 70 anos, sugerindo que podem ser a última geração a continuar essa atividade. Para a pesquisa, foram selecionadas 30 mergulhadoras Haenyeo, 30 mulheres de Jeju que não mergulham e 31 mulheres do continente sul-coreano. A idade média das participantes era de 65 anos. Foram realizados comparativos em relação à frequência cardíaca, pressão arterial e tamanho do baço, além de sequenciamento dos genomas a partir de amostras de sangue.

Um dos maiores desafios do estudo foi simular com segurança o estresse físico relacionado ao mergulho em participantes inexperientes. Os pesquisadores abordaram essa questão realizando mergulhos simulados, onde os participantes содержavam a respiração ao submergir o rosto em água fria.

Os resultados mostraram que os moradores de Jeju, tanto mergulhadores quanto não mergulhadores, apresentavam mais de quatro vezes a probabilidade de ter uma variante genética associada à pressão arterial mais baixa em comparação com aqueles do continente. Durante o mergulho, a pressão arterial aumentava, mas os moradores de Jeju demonstraram um aumento menos significativo.

Além disso, a pesquisa revelou uma predisposição maior entre os participantes de Jeju para uma variante genética ligada à tolerância ao frio e à dor, embora não tenha sido possível avaliar diretamente como isso afeta a capacidade de mergulhar em temperaturas baixas.

A frequência cardíaca também foi um fator relevante, já que as mergulhadoras mostraram uma frequência mais lenta durante os testes. Esse resultado pode ser atribuído ao treinamento específico delas, que as permite conservar oxigênio durante o mergulho.

Outro achado interessante foi que, embora os moradores de Jeju tivessem um baço maior do que os participantes do continente, esse aumento não foi considerado significativo ao serem controlados fatores como idade, altura e peso.

A variante genética associada à pressão arterial mais baixa merece mais investigação, dada sua implicação potencial na criação de novos tratamentos médicos.

Estudos anteriores em comunidades de mergulho como os Bajau, da Indonésia, destacam adaptações genéticas que permitem longos períodos submersos. Esse enfoque nas comunidades de mergulhadoras de Jeju é relevante, pois a maioria das investigações médicas é realizada em populações urbanas industrializadas.

A pesquisa sobre as Haenyeo levanta novas questões, mas evidencia as habilidades notáveis dessas mulheres, sugerindo que existe uma singularidade biológica que as torna especiais em suas práticas.

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