sexta-feira, janeiro 31, 2025
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De vendedora de frutas a mentora de jovens: uma história de sucesso

Ricarte Urbano é uma empreendedora movida pela paixão. Após diversas experiências no setor tributário de grandes corporações, ela decidiu seguir seu instinto empreendedor e fundar seu próprio escritório de contabilidade — um desafio significativo, uma vez que não possuía experiência prévia, apenas um forte interesse pela área. “Quando revisito minha trajetória, percebo como minha ambição foi crucial desde o início”, relata Ricarte.

Nascida em uma família de oito irmãos, sendo sete mulheres, Ricarte cresceu em Mombaça, uma região rural do Ceará. Sua infância foi marcada por dificuldades financeiras, mas sempre teve o apoio da família. Desde cedo, começou a ajudar nas finanças familiares vendendo frutas de casa em casa. “Minha vida sempre foi marcada pela falta de bens materiais, mas isso despertou um espírito empreendedor e um grande desejo de autonomia”, compartilha.

Essas dificuldades também refletiam na educação; foi somente aos nove anos que ela conheceu seu nome completo. “Lembro-me até hoje da minha mãe emocionada ao dizer que nunca imaginou que eu um dia teria que aprender a ler e escrever meu nome completo. Por isso, sempre usei um apelido e não fazia ideia de como me chamava”, observa. Com a mãe dona de casa e o pai como vigilante, Ricarte logo percebeu que precisava deixar sua pequena cidade em busca de oportunidades de trabalho e, consequentemente, de mais independência.

Seu primeiro emprego aconteceu aos 17 anos, quando começou a trabalhar como vendedora em uma loja de artesanato. Nesse mesmo período, ingressou na faculdade de assistência social, sendo a primeira da família a entrar no ensino superior. “Eu sabia que essa era a única maneira de progredir. Não havia outra opção a não ser investir na educação. Além disso, queria servir como um bom exemplo para minhas irmãs mais novas”, relembra. Na mesma época, Ricarte recebeu uma proposta de emprego em uma indústria têxtil, que deu início a sua longa trajetória por grandes empresas. “Ali se abriu uma porta. Comecei como cortadora de jeans e fui promovida a supervisora de tributos”, conta.

Ela atribui esse crescimento ao seu interesse em aprender novas competências e à disposição de mudar de área dentro da empresa, aproveitando cada oportunidade que surgia. A afinidade com o campo financeiro fez com que Ricarte deixasse o curso de assistência social para se dedicar às ciências contábeis, que a acompanhariam também em sua trajetória profissional nas grandes empresas. Anos mais tarde, um acidente de carro a levou a reavaliar sua vida e, motivada para recomeçar, decidiu se lançar no empreendedorismo ao abrir seu próprio escritório contábil.

Assim, em 2012, surgiu o Escritório Urbano, fruto de uma parceria com sua irmã, que prontamente decidiu empreender ao lado de Ricarte. “Eu nunca tinha estado em um escritório de contabilidade antes. Foi um sonho que se tornou realidade, alimentado por uma coragem inexplicável”, brinca. Os primeiros clientes começaram a chegar apenas um mês após a inauguração do negócio. Inicialmente, atendiam principalmente empresas de tecnologia, mas à medida que os anos passavam, expandiram seus serviços, aumentando a diversidade da clientela, composta em sua maioria por micro e pequenas empresas.

Apesar dos altos e baixos, Ricarte menciona a pandemia como um momento decisivo em sua jornada empreendedora. Durante aquele período, muitos clientes, especialmente salões de beleza e comércios, foram forçados a fechar, resultando em uma queda significativa no faturamento do escritório. Para contornar a situação, além de diversificar os setores atendidos, Ricarte buscou um crédito emergencial junto a um fundo de impacto social. Superada a crise, a empresa hoje soma R$ 700 mil em faturamento.

“Registrar um CNPJ é como ver o nascimento de um filho. Para mim, são processos semelhantes: requerem cuidados, gestão e a busca constante pelo sucesso”, brinca. “Empreender foi a melhor escolha da minha vida. Espero que minha história inspire outras mulheres a saírem da zona de conforto e a se lançarem no empreendedorismo, basta ter paixão pelo trabalho e pelos outros”, afirma Ricarte.

Atualmente, Ricarte harmoniza a gestão do escritório contábil com atividades voluntárias, atuando como mentora para jovens empreendedoras e ajudando-as a alcançar o sucesso financeiro em seus negócios. “Acredito que é meu dever retribuir à sociedade”, declara. Para ela, o conhecimento deve ser compartilhado: “À medida que aprendemos, temos que dividir isso com os outros. Isso é algo que realmente aprecio”, conclui.

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