Após um intervalo de cinco anos, a Moody’s, agência especializada em classificação de risco, revisou para cima a nota de crédito soberano da Argentina. No dia 24 de novembro, a classificação do país sob a presidência de Javier Milei passou de “Ca” para “Caa3”.
Ainda que essa nota sirva como um indicador para investidores internacionais, ela ainda aponta para um elevado risco de inadimplência na Argentina.
No relatório emitido, a agência destacou que as alterações na política econômica, realizadas pelo novo governo, foram a base para essa melhora na classificação. “Foram implementados ajustes fiscais importantes, juntamente com ações visando interromper o financiamento monetário, que se mostraram eficazes na correção dos desequilíbrios”, afirmou a Moody’s. No seu primeiro ano de governo, o ultraliberal Javier Milei promoveu mudanças significativas na economia, que enfrentava um cenário de alta do dólar e da inflação. O presidente adotou medidas como cortes no funcionalismo público, eliminação de subsídios de tarifas e a adoção da política de “déficit zero”. Com estas ações, os preços se estabilizaram e a moeda local ganhou valor frente ao dólar.
As exportações, que são a principal via de captação de dólares para o país, que enfrenta a escassez de reservas, também apresentaram uma recuperação notável. De acordo com o último relatório divulgado no início da semana, a Argentina alcançou um superávit comercial histórico de 18,9 bilhões de dólares em 2024.
Entretanto, a crescente desigualdade social continua sendo um grande desafio para o governo. Dados oficiais indicam que mais da metade da população argentina vive abaixo da linha de pobreza.
A Moody’s ainda ajustou a perspectiva da Argentina de “estável” para “positiva”. Especialistas acreditam que isso pode sinalizar uma possível nova elevação na nota em um futuro próximo.
Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, a agência tinha rebaixado a classificação de crédito do país, pois o processo de renegociação da dívida foi interrompido. A Argentina vem enfrentando dificuldades financeiras por quase três décadas, resultado de políticas monetárias inconstantes que levaram ao não pagamento da dívida em duas ocasiões neste século. Ao longo da sua história, o país já declarou moratória em oito ocasiões.