Após um período de 52 dias e três tentativas malsucedidas, o labrador Teddy chegou a Portugal, onde se reencontrará com Alice, uma menina de 12 anos com autismo. A presença do cão é considerada essencial na rotina da criança, segundo familiares. A chegada de Teddy ocorreu após negociações entre o Ministério de Portos e Aeroportos, o pai de Alice e a companhia aérea TAP, permitindo que o animal viajasse com a assistência de seu treinador, Ricardo Cazarotte, e a irmã de Alice, Hayanne Porto.
O cão de suporte Teddy foi destacado como um exemplo das distinções entre cães de assistência e cães de suporte emocional, conforme explica Glauco Lima, um treinador renomado na América do Sul. Ele ressalta a importância do treinamento adequado desses animais e dos direitos legais que lhes são atribuídos. Lima critica a negativa de embarque para cães de serviço, enfatizando a necessidade de um cumprimento rigoroso das decisões judiciais que envolvem saúde e inclusão, além da formação das companhias aéreas sobre os direitos das pessoas com deficiência.
Relatos de familiares destacam que Teddy desempenha um papel crucial na detecção de crises de ansiedade em Alice, intercedendo antes que estas se manifestem. A psicanalista Cintia Castro, especialista em autismo, observa que a ausência de um cão de serviço pode levar a um aumento significativo na ansiedade infantil. Para muitas crianças no espectro autista, esses cães oferecem uma sensação de segurança e tranquilidade.
A irmã de Alice mencionou que a menina passou dias procurando por Teddy em sua nova casa, o que corrobora a avaliação de especialistas. A falta de um cão de apoio pode provocar sentimentos de vulnerabilidade, tristeza e estresse, tornando a socialização mais complicada e potencialmente desencadeando crises.
Glauco Lima também aponta que esse tipo de situação deve servir como um alerta sobre a importância da legislação e ação social relacionadas aos direitos de pessoas que dependem de cães de serviço. Ele defende a implementação de leis mais claras e uma fiscalização mais rigorosa, semelhante ao que acontece em países como os Estados Unidos e Israel, onde os tutores passam por testes e certificações. Além disso, ele reforça a necessidade de empatia no atendimento dessas situações, buscando tratar questões sensíveis com a devida compreensão, em vez de uma abordagem burocrática.