6 junho 2025
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CPI Solicita Apoio de Parente sem Conhecimento da Conexão

Em junho de 2023, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) responsável por investigar os ataques de 8 de janeiro atingiu um ponto crítico. Parlamentares convocaram e ouviram testemunhos de figuras chave sobre as invasões e depredações nos edifícios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), buscando conexões com outros incidentes registrados após as eleições de 2022.

Um dos casos investigados foi uma tentativa de atentado a bomba no aeroporto de Brasília. Em 24 de dezembro de 2022, uma caixa de papelão contendo dinamite foi fixada ao eixo de um caminhão-tanque abastecido com 60.000 litros de querosene de aviação. Este artefato foi deixado no local por dois indivíduos que se declaravam apoiadores de Jair Bolsonaro, os quais acreditavam que um ataque com explosivos geraria uma convulsão popular que legitimaria um apelo do então presidente às Forças Armadas para conter a desordem.

Felizmente, antes de ligar o motor, o motorista do caminhão inspecionou o veículo e encontrou o dispositivo. Temendo pelo que poderia ocorrer, ele deixou a caixa no chão, informou os funcionários do aeroporto, descarregou o combustível e continuou sua rota. Quando a polícia chegou ao local, o detonador já tinha sido acionado, mas a explosão não ocorreu conforme o planejado.

Para os membros da CPI, era fundamental ouvir as principais testemunhas desse episódio. Uma delas foi o delegado Marcelo Fernandes, que na época era o chefe da 10ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, responsável pela segurança da área do aeroporto. Ele foi um dos primeiros a responder ao chamado e posteriormente localizou e prendeu o responsável pela fabricação da bomba.

O pedido de convocação do delegado foi feito pela senadora Eliziane Gama, relatora da comissão de inquérito. No documento, ela argumentou que Fernandes deveria ser ouvido como testemunha dos eventos e das investigações decorrentes.

Naquele momento, não se sabia que o delegado tinha um vínculo significativo com as investigações de uma tentativa de golpe no país. Marcelo Fernandes é irmão do general Mario Fernandes, detido por mais de seis meses sob a suspeita de ter elaborado um plano denominado “Punhal Verde e Amarelo” para “neutralizar” o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin. Esse plano, segundo os investigadores, visava consolidar um golpe e manter Bolsonaro no poder.

As atividades de Mario Fernandes, que atuou como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no último governo de Bolsonaro, só se tornaram públicas em novembro de 2024, durante uma operação da Polícia Federal. Durante o período da CPI, seu nome não era conhecido nas investigações. Como resultado, apesar de um extenso número de convocados, o delegado Marcelo Fernandes acabou dispensado de depor perante os parlamentares. Um outro delegado foi chamado e forneceu relatos sobre a atuação do irmão do general nos desdobramentos do atentado.

Embora não tenha se manifestado na CPI, o delegado deverá ser convocado novamente em breve. Informações recentes indicam que Marcelo Fernandes será arrolado como testemunha de defesa de seu irmão no inquérito investigado pelo STF sobre a tentativa de golpe.

A defesa de Mario Fernandes acredita que o testemunho do irmão pode ajudar a refutar a alegação de que o general tem intenções extremistas. Considerando a estreita relação entre os dois, argumenta-se que seria ilógico supor que um deles estivesse arquitetando um golpe enquanto o outro agia para evitar uma crise maior.

Para o ministro Alexandre de Moraes, os ataques ocorridos na capital, que culminaram em 8 de janeiro, faziam parte de uma “sequência” de ações destinadas a reverter o resultado das eleições de 2022. O ministro afirmou que, caso a bomba tivesse explodido, centenas — se não milhares — de pessoas poderiam ter perdido a vida.

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