Promotores sul-coreanos acusaram o presidente afastado Yoon Suk Yeol de insurreição em razão de sua tentativa de implementar a lei marcial, o que desencadeou uma crise política significativa no país e trouxe à tona lembranças do período autoritário da história sul-coreana. Yoon justificou essa medida ao alegar que o principal partido da oposição tinha ligações com a Coreia do Norte e estava envolvido em atividades antiestatais, mas sua declaração foi rapidamente rejeitada pelo parlamento. Ele nega qualquer irregularidade e foi formalmente indiciado pelo parlamento, permanecendo sob custódia desde sua prisão na semana anterior.
Na noite de domingo, os promotores revelaram as acusações, tornando Yoon o primeiro presidente em exercício no país a ser indiciado. Eles afirmaram, em um comunicado, que não havia motivos para alterar o mandado de prisão contra ele e que havia evidências suficientes para sustentar as acusações. Durante as sessões no parlamento, testemunhas relataram que Yoon havia dado ordens para forçar a entrada no parlamento e “retirar” os legisladores que estavam presentes, o que ele negou.
Após a declaração de lei marcial, Yoon teria instruído o primeiro vice-diretor do Serviço Nacional de Inteligência a aproveitar a situação para “prender” uma lista de figuras políticas, incluindo o líder da oposição. Ele teria sugerido que o serviço de inteligência realizasse uma investigação de contrainteligência e oferecesse apoio financeiro e de pessoal. Detalhes dessa conversa foram compartilhados por legisladores, e Hong confirmou à imprensa a veracidade das informações, o que representa mais um capítulo na turbulenta saga política em torno da lei marcial que ele decretou.
Durante semanas, o presidente se manteve confinado em sua residência, cercado pela equipe de segurança, antes de ser preso. A tentativa inicial do Escritório de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários de detê-lo não teve sucesso após um confronto prolongado em que forças de segurança impediram a entrada de policiais e investigadores no complexo presidencial.
O CIO conseguiu finalmente prendê-lo na segunda tentativa, porém Yoon se mostrou relutante em colaborar com a investigação. O partido de Yoon contestou as acusações, alegando que os registros de investigação eram “ilegais”, e seus advogados argumentaram que a declaração de lei marcial não é um crime de insurreição. Por outro lado, o Partido Democrata, principal partido de oposição, apoiou a acusação e pediu ao tribunal que responsabilizasse Yoon por desrespeitar a constituição e a democracia.
Com as acusações apresentadas, Yoon agora enfrenta dois processos: um relacionado ao seu impeachment no Tribunal Constitucional, que decidirá seu futuro político, e outro referente às acusações de insurreição. Como ex-promotor, ele pode encarar penas severas, incluindo prisão perpétua ou até mesmo a pena de morte, embora a Coreia do Sul não tenha aplicado essa pena há décadas. A legislação sul-coreana confere imunidade a presidentes em exercício contra a maioria das acusações criminais, exceto em casos de insurreição ou traição. Outros altos funcionários, incluindo o ex-ministro da defesa e alguns comandantes militares, também foram indiciados em consequência da declaração de lei marcial.