Na competitiva arena dos aplicativos de mobilidade urbana no Brasil, onde Uber e 99 predominam, a plataforma russa inDrive, presente no país desde 2018, delineou uma estratégia voltada para expandir sua atuação em pequenas e médias cidades. nos próximos meses, a empresa planeja lançar serviços em 100 municípios desse segmento.
Atualmente, a inDrive opera em 200 cidades, com 40% de suas atividades concentradas em localidades com população entre 100 mil e 400 mil habitantes. A base de motoristas parceiros inclui 1,4 milhão de cadastrados, sendo que 40% deles atuam nessas cidades. A empresa já conta com 17 milhões de usuários que utilizaram o aplicativo pelo menos uma vez.
O country manager da inDrive no Brasil destacou que a competitividade em cidades menores é desafiadora para os concorrentes. Ele aponta que, nesses locais, os motoristas conhecem bem os preços das corridas e que muitos taxistas não utilizam taxímetros, o que favorece o modelo da empresa, que transfere essa familiaridade para sua plataforma.
No contexto global, o Brasil é um dos cinco principais mercados em termos de receita para a inDrive, que não divulga números específicos. No último ano, a empresa registrou um crescimento de 13% no país, tendo uma operação financeiramente saudável. Segundo a direção, o impacto econômico da empresa no Brasil, ao longo de quase sete anos, gera um retorno estimado em R$ 10 bilhões, considerando tributos, investimentos e salários.
A inDrive busca expandir sua presença por meio do crescimento em pequenas e médias cidades, mas também avalia outras estratégias para competir em grandes centros urbanos, onde a concorrência é intensificada. Uma das metas é incentivar os motoristas cadastrados a realizarem mais corridas.
Além disso, a empresa tem investido no aprimoramento de seu aplicativo e em novas áreas de operação, como serviços de entrega, alimentação e transporte municipal, incluindo iniciativas financeiras voltadas para empréstimos a motoristas.
No segmento de entregas, a inDrive se diferencia por estabelecer parcerias com micro e pequenas empresas, atuando em áreas de grande concentração comercial, como o Brás e a Rua 25 de Março em São Paulo. Essas parcerias visam facilitar a logística das entregas e proporcionar benefícios aos comerciantes, como redução de taxas.
A área de alimentação representa um desafio particular, especialmente após o anúncio de uma colaboração entre Uber e iFood. Em vez de entrar diretamente nessa competição, a inDrive pretende se concentrar em operações de mini centros logísticos para entregas rápidas de produtos de conveniência.
Com origem na Sibéria em 2013 e expansão para os Estados Unidos em 2018, a inDrive adota um modelo de operação que permite ao usuário decidir sobre o valor da corrida, promovendo uma negociação direta com o motorista e assim combatendo injustiças relacionadas a taxas e preços dinâmicos.
Ainda que a inDrive sugira um preço, o passageiro tem liberdade para optar por valores diferentes, dependendo de sua urgência. Esse modelo de negociação começou a ser replicado por concorrentes. A cobrança da taxa de administração é pré-paga, permitindo que os motoristas depositem um valor que será debitado conforme as corridas. Um dos desafios atuais é garantir que motoristas continuem ativos mesmo após a exaustão dos créditos.
Para aumentar sua visibilidade no Brasil, a inDrive optou por patrocinar o Flamengo desde agosto do ano passado, com sua marca estampada na camisa do time, no microfone da sala de imprensa e em espaços publicitários durante as partidas no Maracanã. Esse movimento visa ampliar o alcance da marca, especialmente em regiões onde a empresa já é forte.
Embora o valor do patrocínio não tenha sido divulgado, há indícios de que a demanda pelo aplicativo aumentou nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo desde o início da parceria. A estratégia de crescimento da inDrive visa se consolidar como uma terceira força no mercado, mantendo um crescimento sólido e estratégico, sem pressa para ultrapassar concorrentes.
