A Fundação Humanitária de Gaza (GHF) anunciou a suspensão da distribuição de assistência humanitária na Faixa de Gaza nesta sexta-feira, 6, em decorrência de um ataque de tanques israelenses que resultou na morte de dez pessoas na cidade de Jabalia. Presente um dia antes, a organização já havia interrompido temporariamente a entrega dos suprimentos, em meio a incidentes em que forças de segurança israelenses dispararam contra a população palestina, desesperada por ajuda.
Com o novo fechamento, a fundação orientou os residentes de Gaza a se manterem afastados dos centros de distribuição, citando questões de segurança. Foi informado que uma nova data para a reabertura seria divulgada posteriormente. Na quarta-feira, 4, as Forças Armadas israelenses emitiram um aviso para que os palestinos não se aproximassem dos locais de ajuda da GHF, considerando as áreas de acesso como “zonas de combate” durante um momento de “reorganização”.
A GHF, que começou suas atividades de fornecimento de alimentos em Gaza no dia 26 de maio, tem enfrentado intensas críticas de organizações humanitárias. Entre os pontos destacados estão o uso de seguranças armados para a distribuição, sua ineficácia e a ausência de imparcialidade nas operações.
Na semana anterior, as Nações Unidas criticaram o novo sistema de distribuição de ajuda em Gaza, considerando-o uma “distração do que é realmente necessário”. O governo de Israel defendeu que as medidas são imprescindíveis para impedir que o grupo radical Hamas desvie e armazene alimentos, usando esses recursos para financiar a guerra por meio da venda de assistência humanitária a civis a altos preços.
Diante da situação, a população da Faixa de Gaza, estimada em 2,3 milhões de pessoas antes do início do conflito, está em um estado de “risco crítico” de fome e enfrentando “níveis extremos de insegurança alimentar”, conforme um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), apoiado por diversas agências da ONU, organizações de ajuda e governos. O relatório destacou que um cessar-fogo anterior, que ocorreu de janeiro a março, proporcionou um alívio temporário, mas as novas hostilidades com Israel reverteram essas melhorias. Aproximadamente 1,95 milhão de pessoas, ou 93% da população de Gaza, estão em situação de insegurança alimentar aguda, com mais de 244 mil enfrentando níveis considerados “catastróficos”. A fome em larga escala tem sido cada vez mais considerada uma possibilidade real no território, onde atualmente meio milhão de palestinos, cerca de um em cada cinco, enfrenta a fome.