Para o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, existem condições políticas favoráveis no Congresso para a aprovação das reformas estruturais que ganharam destaque desde o final de maio. Essa situação ocorreu após uma forte rejeição do setor empresarial, do mercado financeiro e da maioria dos parlamentares em relação ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O presidente manifestou a percepção de um Congresso bem-intencionado e a motivação dos presidentes da Câmara e do Senado para aprofundar o debate.
O PSD, que possui uma bancada de 45 deputados federais e dez senadores, se destaca como uma das principais forças do parlamento brasileiro. Além disso, o partido conta com três ministérios no atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: Minas e Energia, Pesca e Aquicultura, e Agricultura. Kassab tem buscado posicionar o PSD como uma legenda de centro, mantendo uma certa independência, a ponto de ele próprio ocupar o cargo de secretário de governo e relações institucionais do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, uma figura cotada para ser o candidato da direita nas próximas eleições.
Em entrevista, Kassab enfatizou a disposição do Congresso para debater reformas econômicas, referindo-se a um pacote de medidas que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deverá apresentar aos líderes partidários na Câmara dos Deputados. O presidente do PSD expressou a expectativa de que o Poder Executivo e o Poder Legislativo encontrem um entendimento que possibilite a aprovação das medidas, consideradas essenciais para a recuperação de indicadores de desenvolvimento e crescimento do país.
Kassab se absteve de comentar se orientaria seu partido a votar pela rejeição do aumento do IOF, uma vez que o presidente da Câmara, Hugo Motta, poderia levar à votação um projeto de decreto legislativo proposto por Luciano Zucco, líder da oposição. O presidente do PSD afirmou que é complicado se manifestar sobre um projeto desconhecido e aguardará a proposta a ser apresentada para análise.
Hugo Motta, que também participou do Fórum Esfera, declarou que esperará a reação dos líderes da Câmara em relação às medidas que Haddad apresentará, antes de decidir se pautará o decreto legislativo que visa a derrubada do IOF. Em um almoço que reuniu Haddad, Motta, Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, no Palácio do Alvorada, o ministro da Fazenda indicou que o governo poderá reconsiderar o aumento do IOF, caso o Congresso mostre sinais claros de que aprovará, ao menos, parte das medidas ainda neste ano.