10 junho 2025
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Descoberta Espetacular: Tesouro de 3 Mil Anos Revela Segredos Incríveis!

Um novo estudo desenvolvido por arqueometalurgistas na Espanha revela que dois itens do Tesouro de Villena, considerado um dos conjuntos mais significativos da Idade do Bronze na Europa, foram elaborados com ferro meteorítico. Este material, originado do espaço e enriquecido em níquel, distingue-se do ferro extraído da crosta terrestre. A pesquisa indica que as técnicas metalúrgicas da época eram mais sofisticadas do que se acreditava anteriormente e coloca a Península Ibérica entre as regiões exclusivas que utilizaram esse tipo de ferro antes da Idade do Ferro. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Trabajos de Prehistoria.

O Tesouro de Villena, descoberto em 1963 na cidade de Villena, localizada na província de Alicante, Espanha, é composto por 66 artefatos, predominantemente de ouro, e representa um marco da metalurgia pré-histórica na Europa. As peças incluem tigelas, pulseiras, colares e outros objetos de funções incertas, todos associados à elite das sociedades do final da Idade do Bronze. Acredita-se que esses itens tenham sido enterrados intencionalmente entre 1400 e 1200 a.C., embora a falta de contextualização arqueológica ampla torne a datação mais complicada.

Duas peças em particular têm gerado discussão: um bracelete em forma de anel aberto e uma pequena semiesfera oca decorada com ouro. Ambas apresentam características ferroso e sinais de oxidação intensa, o que parece contradizer a cronologia atribuída ao restante do tesouro, já que a produção sistemática de ferro terrestre na região começou por volta de 850 a.C.

Para determinar a origem do material dessas peças, os pesquisadores realizaram análises utilizando espectrometria de massa e fluorescência de raios-X. Os resultados mostraram níveis de níquel compatíveis com aqueles encontrados em meteoritos metálicos, ou sideritos. A semiesfera apresentou aproximadamente 5,5% de níquel, enquanto o bracelete revelou teores variando entre 2,8% e 5,3%, conforme as medições em diferentes profundidades. Composição semelhante é incomum na crosta terrestre, mas frequente em meteoritos que caem na Terra e que eram eventualmente reutilizados por civilizações antigas.

Apesar da corrosão intensa que pode ter alterado as concentrações originais de alguns elementos, as proporções de níquel, ferro e cobalto correspondem às características de artefatos historicamentes reconhecidos como feitos com ferro meteorítico, como a adaga de Tutancâmon e contas de colares egípcios datados de 3200 a.C.

A presença de ferro meteorítico no Tesouro de Villena não apenas esclarece as dúvidas sobre a origem das peças, mas também demonstra um elevado nível de habilidade dos artesãos ibéricos da época. Trabalhar com esse material requereria destreza para moldá-lo em objetos decorativos, mesmo que em escala reduzida, visto que o processo de fundição de ferro ainda era desconhecido.

Esta descoberta posiciona a Espanha no seleto grupo de regiões que apresentam evidências claras do uso desse tipo especial de metal antes do que é convencionalmente considerado a Idade do Ferro. Até o momento, artefatos semelhantes foram encontrados no Egito, na Síria, na Suíça e no Marrocos.

O estudo conclui que as duas peças de Villena representam as primeiras evidências confirmadas de utilização de ferro meteorítico na Península Ibérica, datando-se de forma segura no Bronce Tardío, entre 1400 e 1200 a.C. Embora os pesquisadores enfatizem que os resultados ainda não são definitivos devido ao estado de conservação dos itens, sugerem a aplicação de técnicas não invasivas mais modernas, como tomografia computadorizada, radiografia com muons e espectrometria gama, para investigar as camadas internas sem causar danos aos artefatos.

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