A secretária de Comunidades Brasileiras no Exterior e Assuntos Consulares e Jurídicos do Ministério das Relações Exteriores, Márcia Loureiro, se encontrou na tarde desta segunda-feira, 27, em Brasília, com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para discutir a deportação de brasileiros ocorrida no último final de semana. Essa convocação por parte do Palácio do Itamaraty é considerada um ato diplomático que demonstra a insatisfação de um país em relação a outro. A realização deste encontro foi confirmada por fontes do governo brasileiro, bem como pela diplomacia americana.
De acordo com relatos, durante a reunião, o Itamaraty pediu esclarecimentos ao governo dos EUA sobre as condições que os brasileiros deportados enfrentaram em um voo enviado por aquele país, que chegou ao Brasil na última sexta-feira, 24. Os brasileiros estavam detidos nos Estados Unidos por não possuírem a documentação de imigração necessária e relataram que durante o voo foram algemados, sofreram agressões e tiveram restrições em relação a banheiro e alimentação. Embora Brasil e EUA possuam um acordo de deportação, esse tratado enfatiza a necessidade de um tratamento digno e humanitário.
Em uma declaração dada na segunda-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Lula, Ricardo Lewandowski, ressaltou que não tem a intenção de “provocar” os Estados Unidos, mas enfatizou a importância de que os brasileiros deportados sejam tratados com “dignidade”. “Não desejamos criar atritos com o governo americano, uma vez que a deportação estava prevista em um tratado. Contudo, essa ação deve ser executada respeitando os direitos fundamentais das pessoas, especialmente daqueles que não são criminosos.”
Este evento marca a primeira onda de deportações de brasileiros desde a posse do ex-presidente Donald Trump, que implementou uma política de tolerância zero em relação à imigração ilegal. Gabriel Escobar é atualmente o representante da diplomacia americana no Brasil, após a saída da embaixadora Elizabeth Bagley, que havia sido indicada pelo governo anterior de Joe Biden e deixou o cargo na capital brasileira.
