Em depoimento à Polícia Civil relacionado ao caso do bolo envenenado, Diego dos Anjos mencionou que acreditava que seu pai, Paulo Luiz dos Anjos, faleceu após consumir uma “banana da enchente”, supostamente contaminada no Rio Grande do Sul. Paulo faleceu em setembro de 2024, três meses antes da ocorrência do incidente com o bolo. As investigações indicam que Deise dos Anjos, esposa de Diego, é a principal suspeita de assassinato, sendo acusada de adicionar veneno (arsênio) ao leite em pó consumido pelo sogro.
A revelação sobre a causa da morte de Paulo veio à tona após a exumação de seu corpo, que revelou uma concentração elevada de arsênio em seu estômago, cerca de 264 miligramas. Diego relatou que foi para Torres imediatamente ao saber que o pai estava hospitalizado. O depoimento aponta que ele, em momentos de dúvida, cogitou a possibilidade de ter sido ele mesmo a causa da morte devido às bananas da enchente que estavam na casa. Ele também afirmou que Deise nunca o incentivou a investigar a verdadeira causa da morte de Paulo.
Durante o depoimento, Zeli dos Anjos, sogra de Diego, declarou que ele e Deise realizaram uma “ida e volta” entre Canoas e sua casa, trazendo diversos alimentos, incluindo “bananas da enchente” e leite em pó em um pote de tupperware que não estava lacrado. Segundo Zeli, Paulo afirmou que tomou o leite em pó desse pote e passou a se sentir mal uma hora após o café da manhã, vomitando muito. Ela deixou claro que, sem dúvida, acreditava que o leite em pó trouxe de Canoas foi envenenado por Deise.
Zeli relatou que, na época da morte de Paulo, pensou que a causa tinha sido a “banana da enchente”, uma vez que muitas pessoas comentaram isso, e Paulo ficou conhecido na localidade como “o homem que morreu pelas bananas da enchente”, com Deise entre aqueles que mencionaram esse fato.
O depoimento de Diego também revelou que Deise apresentava instabilidade emocional, algo que os investigadores associam a sua suposta responsabilidade em adicionar arsênio à farinha utilizada pela sogra, Zeli, na preparação do bolo de reis que resultou na morte de três pessoas em Torres. Diego descreveu a esposa como alguém que frequentemente se irritava com situações triviais e que poderia mudar de humor rapidamente.
O marido ainda relatou um desentendimento com Deise que ocorreu em 21 de novembro de 2024. Deise queria passar o Natal com eles, enquanto Zeli desejava passar a data com suas irmãs. Diego decidiu deixar a casa e foi para a residência de sua mãe em Canoas, retornando somente no dia 25 de novembro. Durante essa discussão, ele afirmou que segurou Deise pelos braços quando ela estava jogando as roupas nele, mas declarou não acreditar que sua esposa tivesse envenenado a farinha.
Diego, Deise e o filho vivem em Nova Santa Rita, enquanto a sogra possui casas em Canoas e Arroio do Sal. O Natal em que ocorreu a tragédia foi celebrado no apartamento de Maida, irmã de Zeli, em Torres. Infelizmente, além de Maida, outra irmã de Zeli, Neuza, faleceu no dia 24 de dezembro após consumir o bolo envenenado. Já Tatiana, sobrinha de Zeli, também não sobreviveu e faleceu após ser hospitalizada no dia 25.
Zeli, em seu depoimento, detalhou como preparou o bolo, informando que utilizou uma farinha que estava embaixo da pia, passas e frutas cristalizadas. Ela mencionou ainda que se esqueceu de adicionar fermento à massa. O glacê foi feito com açúcar disponível em sua casa e, durante o preparo, ela não experimentou a massa nem notou qualquer odor incomum, embora tenha achado a farinha estranha. Ela também relatou que peneirou a farinha, mas pensou que os ingredientes eram de baixa qualidade devido ao fato de serem doações, cujo objetivo era ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
Deise foi presa no dia 5 de janeiro. A defesa informou que ela permanece sob prisão temporária enquanto a investigação prossegue, e que ainda há diligências a serem realizadas para esclarecer os fatos no inquérito.