sábado, fevereiro 1, 2025
HomeInternacionalProtestos no Congo resultam em ataques a embaixadas na capital

Protestos no Congo resultam em ataques a embaixadas na capital

A polícia da República Democrática do Congo (RDC) utilizou gás lacrimogêneo contra manifestantes em Kinshasa na terça-feira (28), após embaixadas na capital terem sido alvo de ataques em razão do conflito no leste do país. Os manifestantes dirigiram sua ira contra embaixadas de nações que são acusadas de apoiar Ruanda, que, por sua vez, apoia os rebeldes do M23, que conseguiram tomar a cidade de Goma, na província.

De acordo com relatos, as embaixadas da França, dos Estados Unidos, de Ruanda, de Uganda e do Quênia foram atacadas pelos manifestantes. Também houve ações contra as embaixadas da Bélgica e da Holanda. O ministro francês das Relações Exteriores confirmou que a embaixada francesa em Kinshasa foi alvo de um ataque que ocasionou um incêndio breve, que logo foi controlado.

Os rebeldes do M23, apoiados por Ruanda, avançaram rumo à cidade de Goma, marcando uma escalada significativa em um conflito que perdura há três décadas. Durante os tumultos, testemunhas relataram que a embaixada do Quênia foi atacada e que soldados presentes no local não intervieram. Outros relatos em Kinshasa indicam que a embaixada de Uganda foi saqueada.

O ministro das Comunicações do Congo, Patrick Muyaya, fez um apelo à população, pedindo o fim dos ataques e enfatizando que a situação havia sido controlada. Ele ressaltou a importância de expressar descontentamento de maneira pacífica e previu que não deveriam ser alvos as instalações consulares de países acreditados na RDC.

A insurgência liderada pelo M23 no leste do Congo intensificou-se, comprometendo ainda mais a situação humanitária na região, que já foi devastada por duas guerras entre 1996 e 2003. Este novo desdobramento representa a mais grave escalada desde 2012, em um conflito que remonta a longas consequências do genocídio em Ruanda e à luta pelo controle dos ricos recursos minerais congoleses.

O M23, cuja designação se origina de um acordo de paz assinado em 23 de março de 2009, é um dos grupos rebeldes de tutsis que atuam na região e que têm agitado a situação desde o genocídio em Ruanda, quando extremistas hutus foram responsáveis pelo massacre de tutsis e hutus moderados. O M23 critica o governo congolês por não honrar o acordo de paz e por não integrar os tutsis congoleses nas forças armadas e na administração.

Desde o começo de 2025, os rebeldes do M23 expandiram seu domínio territorial, chegando a Goma e forçando milhares de pessoas a abandonarem suas casas. O grupo já controlava a área de Rubaya, conhecida por suas minas de coltan, onde gerava significativos recursos financeiros por meio da cobrança de tributos de produção.

Analistas indicam que a recente movimentação do M23 para novos territórios proporciona aos rebeldes a oportunidade de aumentar seus ganhos com a exploração mineral. Relatos de moradores e da ONU mencionam que dezenas de soldados do Congo se renderam, mas ainda há resistência de componentes das forças governamentais.

Nesta terça-feira (28), moradores em várias áreas da cidade notaram disparos de armas leves e explosões, o que reforça as preocupações da ONU e das nações ao redor do mundo sobre a possibilidade de este conflito se transformar em uma guerra regional, semelhante àquelas que ocorreram nos anos 1990 e que resultaram em milhões de mortes, principalmente por desnutrição e doenças.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!