sexta-feira, janeiro 31, 2025
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A planta borboleta que atraiu multidões em…

Milhares de pessoas se reuniram na semana passada no Jardim Botânico Real de Sydney, na Austrália, para testemunhar o raro florescimento de uma “flor-cadáver”. Este evento único atraiu visitantes que enfrentaram filas de até três horas para admirar a planta e sentir seu cheiro peculiar, frequentemente associado ao odor de lixo em decomposição. A floração, que foi transmitida ao vivo pela internet, alcançou quase 1 milhão de visualizações.

“A excitação está relacionada à raridade desse fenômeno”, comenta um especialista em agronomia. “O ciclo de vida dessa planta pode se estender por aproximadamente 40 anos, mas suas florescem apenas algumas vezes, geralmente duas ou três ao longo da vida, e por um curto período, entre 24 e 36 horas. Além disso, o aquecimento global e a destruição de seu habitat natural diminuíram drasticamente a quantidade desses espécimes no mundo, fazendo com que muitos só sobrevivam em jardins botânicos.”

Na verdade, a planta é uma inflorescência conhecida como Amorphophallus titanum. Originária das florestas tropicais de Sumatra, na Indonésia, onde é chamada de Bunga Bangkai, ela ganhou o apelido de “Putrícia” nas redes sociais, reunindo as palavras “pútrido” e “Patrícia”. O exemplar exposto em Sydney foi trazido do Jardim Botânico de Los Angeles e chegou à Austrália com apenas 25 cm de altura. Após dez anos de cultivo, a planta atingiu 1,60 m.

Reconhecida como a maior estrutura de floração do mundo, a flor-cadáver pode alcançar até 3 metros de altura e pesar cerca de 150 kg. Ela pertence à família das aráceas, que inclui plantas populares como antúrios, lírios-da-paz e costelas-de-adão. Durante a floração, o cheiro característico de carne em decomposição se intensificou, causando náuseas em alguns visitantes.

No Jardim Botânico de Sydney, Putrícia foi apresentada de maneira grandiosa, envolta por uma cortina roxa e cercada pela névoa de um umidificador, criando uma atmosfera quase teatral. O evento atraiu cerca de 20 mil pessoas, ansiosas para ver um fenômeno que não acontecia no local há 15 anos. O interesse pelo evento foi tão grande que foram necessárias barreiras para controlar a multidão. Com os visitantes caminhando sobre um tapete vermelho e tirando selfies ao lado da planta, o evento ganhou um tom de espetáculo. Apesar do cheiro forte, muitos se inclinavam para sentir o aroma de perto.

Além do público presente, Putrícia conquistou uma audiência online. A transmissão ao vivo do jardim alcançou quase um milhão de visualizações em menos de uma semana, gerando memes e comentários nas redes sociais. Para intensificar o odor e atrair os insetos polinizadores, a planta foi colocada em um ambiente climatizado a 37ºC, o que ajudou a espalhar o aroma característico e atrair moscas e besouros, que depositaram ovos em seu interior. Apesar das sugestões para oferecer sacos de vômito aos visitantes, a equipe do jardim optou por não implementar a ideia.

O cheiro forte da flor-cadáver é uma estratégia evolutiva para atrair moscas e outros insetos polinizadores, que confundem o odor com o da carne em decomposição. A planta utiliza seu espádice amarelo para liberar o fétido aroma e facilitar a transferência de pólen entre flores masculinas e femininas. Além de Sydney, a rara floração dessa espécie já foi observada em outras cidades australianas, como Melbourne e Adelaide, assim como em países como os Estados Unidos e o Reino Unido, sempre gerando interesse e curiosidade. Estima-se que restem apenas 300 espécimes dessa planta ameaçada de extinção na natureza. “Um evento dessa magnitude mostra o quão a diversidade botânica tem o potencial de atrair o público e impulsionar o turismo, seja ele de aventura, botânico, cultural ou educacional. Há um grande potencial na flora, seja ela exótica, como neste caso, ou não”, finaliza o especialista.

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