As deportações nos Estados Unidos podem alcançar a marca de 500 mil indivíduos anualmente com o novo governo, conforme um estudo da Allianz Research, que é parte da análise econômica da Allianz Trade. A nova abordagem nas políticas migratórias pode fazer com que o crescimento populacional de 3,4 milhões, registrado no ano anterior, caia para 1,5 milhão neste ano, além de limitar o potencial de crescimento do PIB para menos de 2% até 2026.
O estudo, que se chama O Manual da Trumponomia, destaca que a força de trabalho dos Estados Unidos tem sido bastante influenciada pela imigração nos últimos tempos. Com o aumento das deportações e o endurecimento dos critérios para a imigração legal, é possível que o crescimento populacional sofra um impacto significativo, prejudicando setores que dependem de mão de obra externa.
Apesar de algumas pessoas dentro do governo terem mencionado a intenção de deportar até 1 milhão de imigrantes por ano, economistas do levantamento indicam que dificuldades logísticas e administrativas tornam essa meta pouco provável. No entanto, uma abordagem migratória mais severa pode afetar negativamente a economia americana e gerar tensões diplomáticas com nações vizinhas. Em resposta a essa situação, após relatos de imigrantes em condições severas, uma reunião de emergência foi convocada para discutir as repercussões da estratégia na região.
De acordo com o relatório, o governo busca aumentar o crescimento do PIB enquanto tenta manter a inflação sob controle, mas algumas de suas ações podem ser contraditórias. Por um lado, os cortes de impostos visam incentivar investimentos e consumo, a fim de aquecer a economia. Por outro, tarifas comerciais elevadas têm o objetivo de aumentar a arrecadação para financiar subsídios industriais e aprimorar a competitividade das exportações norte-americanas.
Conselheiros do governo e o vice-presidente também defendem uma estratégia de câmbio que possa desvalorizar o dólar em relação a outras moedas, o que poderia beneficiar o comércio internacional. No entanto, especialistas alertam que algumas dessas políticas podem acabar pressionando a inflação. O setor energético, por exemplo, poderia ter preços reduzidos pela desregulamentação, mas a insistência para que o Federal Reserve baixe as taxas de juros pode reiniciar a alta dos preços.
Outro desafio destacado pelo estudo é a dificuldade em reduzir o déficit público sem implementar cortes significativos nos gastos sociais ou aumentar impostos. Mesmo com um crescimento anual de 3%, equilibrar as contas do governo exigiria medidas mais rigorosas. O relatório indica que cortes nos orçamentos de agências federais não seriam suficientes, e que a arrecadação proveniente de tarifas comerciais não seria capaz de sanar o déficit fiscal. Para conseguir uma redução de 1% do PIB (aproximadamente US$ 290 bilhões), os Estados Unidos precisariam aumentar sua tarifa média de 2,7% para 13%, o que poderia causar interrupções nas cadeias de suprimentos nas fronteiras com o Canadá e o México.
Os economistas afirmam que o êxito da chamada Trumponomia dependerá da habilidade do governo em diminuir o déficit público de maneira sustentável. Caso isso ocorra, a inflação e as taxas de juros poderão sofrer uma queda, levando a uma desvalorização do dólar e, consequentemente, impulsionando as exportações. Contudo, essa estratégia pode exigir que se abra mão, pelo menos temporariamente, da promessa de um crescimento acelerado do PIB.