sexta-feira, janeiro 31, 2025
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Impactos da alta do diesel na economia e setores relacionados

Na segunda-feira, dia 27, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve um encontro com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Durante a reunião, foi discutido que a empresa precisará ajustar o preço do diesel. A expectativa entre os membros da estatal é de que o aumento fique entre 0,18 reais e 0,24 reais por litro, com a possibilidade de essa alteração ser aprovada na quarta-feira, dia 29, durante a reunião do Conselho de Administração da companhia. Por enquanto, os preços da gasolina e do gás de cozinha permanecerão inalterados.

Essa alteração está sendo motivada, segundo representantes do setor de transportes, pela defasagem nos preços dos combustíveis, especialmente no caso do diesel. Isso ocorre pois a Petrobras não fez qualquer ajuste nos valores do combustível ao longo de 2024. De acordo com informações da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis, a defasagem do óleo atingiu a marca de 16% em relação ao preço praticado no mercado internacional, o que representa cerca de 0,50 reais por litro. Esse descompasso prejudica a margem de lucro da Petrobras, ocasionando insatisfação também entre os acionistas.

A decisão é tomada em um contexto já complicado para o governo Lula, que busca controlar os preços dos alimentos, que aumentaram 7,69% no ano passado, sendo essa a principal razão para a alta além do esperado no IPCA-15 de janeiro, que antecipa a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. O setor de transportes foi o segundo a mais influenciar o índice, e um aumento no preço do diesel poderá elevar ainda mais os custos dos alimentos. A economista Fernanda Mansano ressalta que “todo alimento que chega aos supermercados depende do transporte, que, por sua vez, se baseia no preço dos combustíveis”. Portanto, a elevação no custo do diesel terá um impacto direto nos preços dos alimentos e em outros segmentos econômicos que dependem desses combustíveis. Segundo a especialista, os efeito não será imediato, mas o fenômeno inflacionário pode ser observado em até dois meses.

Apesar do aumento, Mansano destaca que o consumo de alimentos no Brasil é robusto e também está atrelado à questão da sazonalidade. “Não é apenas o diesel que interfere nos preços dos alimentos. Uma safra abundante, por exemplo, pode resultar numa redução no valor de um determinado alimento ou impedir uma alta exorbitante”, analisa.

Especialistas observam ainda que a taxa de câmbio tem um papel significativo na diminuição dos preços do setor agroalimentar. “Uma queda do dólar para 5,70 ou 5,60 reais teria um impacto muito relevante nos preços dos alimentos”, afirma o economista Paulo Gala. Ele ressalta que commodities como soja, trigo, carnes e café estão sujeitas à cotação do real em relação ao dólar, visto que se trata de valores definidos no mercado internacional. “Aumento no diesel e no ICMS pela Petrobras pode ter algum reflexo na inflação dos alimentos, mas essa influência é diluída quando consideramos a taxa de câmbio”, observa Gala, que lembra que a desvalorização do real em mais de 25% em 2024 foi o que realmente gerou a alta de preços.

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