A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou a designação do general brasileiro Ulisses de Mesquita Gomes para liderar a missão da ONU na República Democrática do Congo (RD Congo). Essa indicação ocorre em um contexto de intensificação do conflito armado, especialmente com o avanço do grupo rebelde M23 no leste do país.
Recentemente, a situação na RD Congo tem sido marcada por crises, incluindo episódios de saques a supermercados na capital. Além disso, manifestantes atacaram embassadas na cidade, refletindo uma escalada da situação de crise.
A ONU, em suas redes sociais, fez a confirmação da nomeação do general Ulisses de Mesquita Gomes como novo comandante militar da Missão da ONU na RD Congo, conhecida como Monusco. O general brasileiro tem um histórico sólido, tendo atuado na sede da ONU em Nova Iorque e na antiga missão da ONU no Haiti, Minustah. A Organização destacou que ele traz consigo 35 anos de experiência em gestão de crises, resolução de conflitos e na promoção da paz, ressaltando sua competência tanto em operações práticas quanto em diplomacia.
Gomes possui formação em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais e é mestre em Ciências Militares e Direito pela Escola de Estado-Maior do Exército Brasileiro. O general tem domínio de vários idiomas, incluindo inglês, francês, português e espanhol. Em uma declaração à ONU News, ele expressou grande satisfação por sua nomeação e afirmou que sua prioridade será a proteção da população congolesa. Gomes estará à frente de cerca de 14 mil soldados da missão de paz Monusco, uma das operações mais significativas da ONU.
O novo papel de Gomes já foi exercido anteriormente pelo general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, entre 2013 e 2015. Em recente entrevista, Santos Cruz destacou que o tempo de apenas apelos contra a violência já passou, e que o Conselho de Segurança da ONU deve implementar sanções e utilizar força para expulsar os rebeldes. Ele enfatizou a necessidade de uma solução política para a crise, sugerindo que sanções severas deveriam ser aplicadas às lideranças que fomentam esses conflitos.
A nomeação de Ulisses de Mesquita Gomes se deu em um momento crítico, logo após a embaixada do Brasil ter sido atacada durante protestos na capital Kinshasa. O Itamaraty informou que, embora a bandeira brasileira tenha sido retirada, os diplomatas presentes não sofreram nenhuma agressão. O governo brasileiro reafirmou a importância da proteção das missões diplomáticas e expressou confiança na capacidade do governo congolês de controlar a situação.
Com relação ao crescente tumulto na RD Congo, o Brasil manifestou preocupação com o aumento da violência e fez um chamado para que todos os envolvidos retornem ao acordo de cessar-fogo, aconselhando ainda seus cidadãos a evitarem multidões.
Um grupo rebelde tomou a maior cidade do leste da RD Congo, área rica em recursos minerais, desafiando as tropas do governo apoiadas por forças regionais e da ONU. A captura de Goma representa um avanço significativo para a coalizão rebelde Alliance Fleuve Congo (AFC), que inclui o grupo M23, que já foi alvo de sanções internacionais. Isso indica uma rápida expansão da influência dos insurgentes na região, que pode resultar em uma crise humanitária ainda mais grave.
O governo congolês ainda não confirmou a queda da cidade, mas reconheceu a presença dos rebeldes na área, que é a capital da província de Kivu do Norte. Além disso, o país anunciou a interrupção das relações diplomáticas com Ruanda, acusando-a de fornecer apoio militar aos rebeldes. Um porta-voz ruandês não confirmou nem negou as acusações em uma entrevista à CNN.
Nos últimos dias, mais de 12 soldados estrangeiros das forças de paz, assim como o governador militar de Kivu do Norte, foram mortos ao tentarem desbaratar as forças insurgentes, enquanto milhares de civis estão fugindo da região em decorrência da violência.
