O Colégio Santa Cruz, localizado em São Paulo, apresenta uma mensalidade de R$ 6.720, sendo uma das instituições mais renomadas da cidade, fundada em 1952 por padres canadenses. Recentemente, a escola enfrentou uma situação de violência e constrangimento na primeira semana de aula do ensino médio, resultando na suspensão por tempo indeterminado de pelo menos 34 alunos acusados de bullying. Em um dos grupos de WhatsApp, denominado “Drinha”, que possui mais de 150 membros, alguns estudantes do segundo e terceiro ano realizavam trotes contra os calouros. Uma das práticas inaceitáveis incluía restringir o uso do banheiro pelos novos alunos, chamados de “primeirinhos”, estabelecendo horários e regras, como se estivessem em um campo de trabalho forçado. Alguns alunos chegaram a sofrer agressões físicas ao tentarem acessar os sanitários considerados proibidos. As mensagens trocadas nesse grupo continham conteúdo racista e sexista, tão ofensivas que exigiriam um pedido de desculpas para serem divulgadas. Uma das mensagens dizia: “Vou te estuprar em cima de um porco seu preto filho da p…”. Além disso, os alunos foram coagidos a gravar vídeos expressando interesse sexual por colegas, em um cenário deplorável repleto de desrespeito. Em um dos vídeos, um jovem, aparentemente forçado a participar, afirma: “Eu tenho um alvo do colegial, uma menina chamada (…) vou querer investir nela”, enquanto aparece sem camisa em situação inapropriada.
Na quinta-feira, 30, diante da gravidade da situação, uma das diretoras da escola convocou os alunos para uma reunião, na qual leu parte das mensagens ofensivas. No dia seguinte, 31, foram agendadas duas reuniões com os pais, em horários diferentes, de forma emergencial. O comunicado informava: “Mesmo antes da nossa reunião programada, convidamos pais, mães e responsáveis da Segunda e Terceira séries para uma conversa emergencial com a equipe da Direção do Ensino Médio a respeito de episódios de violência vivenciados nestes primeiros dias de aula e que requerem urgente parceria com as famílias.” Antecipando a seriedade do ocorrido, a direção do colégio emitiu um comunicado oficial, expressando: “Recebemos denúncias de agressões em grupo de WhatsApp envolvendo alunos do Ensino Médio. Prontamente, iniciamos a apuração dos fatos e estamos tomando as medidas educacionais cabíveis, comunicando-as aos alunos e às famílias envolvidas. O Colégio Santa Cruz, uma instituição pautada pelo respeito ao ser humano, repudia qualquer forma de violência e lamenta profundamente que tais atos tenham ocorrido entre estudantes da escola.”
O grupo Drinha possui anos de existência e teve um início quase inocente, servindo originalmente para organizar encontros para partidas de futebol em uma quadra. O símbolo do grupo é, não por acaso, um time de futebol. Contudo, com o passar do tempo, ele cresceu e se transformou em um espaço de vergonha. Composto principalmente por meninos, as meninas, especialmente após o surgimento do atual escândalo (que não é o primeiro, já houve outro em 2019), estão cientes do que foi tratado no grupo e do nível deplorável das discussões ocorridas.