O general Ulisses Mesquita Gomes, designado pela Organização das Nações Unidas para liderar as tropas de estabilização da República Democrática do Congo, deve chegar à África na próxima segunda-feira. Ele assume a nova função em meio a um conflito de anexação promovido por grupos rebeldes apoiados pelo governo de Ruanda, que resultou na morte de 17 soldados da missão de paz na semana passada. Além disso, a Embaixada do Brasil também foi alvo de um ataque, e de acordo com o Itamaraty, os invasores chegaram a roubar a bandeira do país. O governo brasileiro manifestou sua “grave preocupação” com os incidentes.
A crise entre Ruanda e a República Democrática do Congo foi classificada por Trump como um “problema muito sério”, enquanto Ruanda fez um apelo por um cessar-fogo e negociações com os rebeldes na região. A situação se agrava com os avanços do grupo rebelde M23 para novas cidades após a conquista de Goma. Com aproximadamente 14 mil soldados de paz, a missão Monusco é uma das maiores operações das Nações Unidas em todo o mundo. Fontes indicam que o general Ulisses dará prioridade à diplomacia, mas não hesitará em usar a força para resgatar Goma e outras quatro cidades invadidas pelo M23 neste mês.
Em 2013, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, também brasileiro, ocupou o mesmo cargo e teve a missão de impedir a tomada de Goma, que é a principal cidade no leste do país. Sob sua liderança, as tropas da ONU junto ao exército congolês conseguiram expulsar os rebeldes do M23 e as forças ruandesas, alcançando uma vitória militar em menos de um ano. O conflito no leste do Congo já se arrasta por décadas, enraizado na violência que eclodiu a partir do genocídio em Ruanda em 1994 e na disputa pelo controle das ricas minas minerais da região.
A queda de Goma nas mãos do M23 representa a escalada mais grave desse conflito desde 2012, quando os rebeldes haviam ocupado a cidade anteriormente. Informações de fontes no Congo e da ONU indicam que as forças de Ruanda estão presentes em Goma, apoiando os rebeldes, enquanto tropas do Burundi foram enviadas para reforçar as defesas no Kivu do Sul. Apesar das acusações, Ruanda não comentou diretamente sobre a presença de seus soldados em território congolês. Enquanto isso, a população local saiu às ruas em protesto contra o avanço dos rebeldes, atacando embaixadas de países como os EUA e a França, acusando-os de conivência com Ruanda e os rebeldes.