O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) comentou, em uma entrevista à CNN nesta quinta-feira (30), que a proposta de estabelecer uma fundação no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), promovida pelo presidente do órgão, Marcio Pochmann, era uma ideia válida. Contudo, essa questão gerou controvérsia entre os trabalhadores do instituto. Na quarta-feira (29), o Ministério do Planejamento e Orçamento e o IBGE emitiram uma nota conjunta informando que decidiram suspender temporariamente a criação da Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE+).
Zarattini destaca que “a decisão do presidente de instituir essa fundação era positiva para o IBGE, uma vez que o instituto necessita de mais recursos”. Ele exemplifica que para a realização do Censo Agropecuário, que implica altos custos mas é imprescindível, o IBGE poderia buscar apoio financeiro do setor agropecuário. No modelo atual, o instituto encontra dificuldades para obter esses recursos. O deputado ressalta que a existência da fundação poderia beneficiar os funcionários, permitindo que o IBGE tivesse melhores condições para aumentar sua produtividade e, por consequência, melhorar os salários e as condições de trabalho.
O deputado acredita que a criação de fundações é uma prática comum em diversas partes do Brasil e que não há nenhuma ilegalidade em relação a isso, do ponto de vista jurídico. Ele afirma: “A proposta da fundação do IBGE não é uma novidade no sistema jurídico brasileiro. Essa prática já existe há muitos anos e não há motivos para considerar isso algo ilegal”.
No entanto, a proposta gerou um impasse no instituto. Em setembro, uma carta anônima, criticando a administração de Pochmann e solicitando sua demissão, circulou entre os servidores do IBGE. O documento, intitulado “Declaração Pública dos Servidores do IBGE”, identificava a Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE+) como a raiz da insatisfação entre os empregados.
A carta apontou que se tratava de “uma entidade de apoio de natureza privada, criada sem qualquer diálogo com os colaboradores”. O texto destaca que a fundação foi formalizada em segredo por 11 meses e só foi anunciada dois meses após sua oficialização, gerando incertezas sobre sua verdadeira finalidade e sobre como isso afetaria a independência técnica e administrativa do instituto.
Em janeiro deste ano, os diretores Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto pediram demissão em decorrência do descontentamento com a gestão de Pochmann. Poucas semanas depois, outros dois diretores também se desligaram de seus cargos: Ivone Lopes Batista, da diretoria de Geociências, e Patricia do Amorim Vida Costa, que ocupava o cargo de diretora-adjunta. Além disso, uma nova carta, agora com a assinatura da maioria dos diretores e gerentes de diferentes áreas, foi divulgada, expressando que a administração de Pochmann possui um “viés autoritário, político e midiático”, e afirmando que “sua gestão compromete seriamente a missão institucional e os princípios fundamentais do IBGE”.