A ex-chanceler da Alemanha, Angela Merkel, expressou críticas a Friedrich Merz, atual líder da União Democrata-Cristã (CDU), por ter apoiado um projeto de lei em colaboração com o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Essa aliança informal quebrou o que tem sido chamado de “cordão sanitário”, um princípio que por muito tempo esteve presente na política alemã com o intuito de evitar qualquer tipo de colaboração com grupos extremistas.
No Parlamento, uma votação realizada na quarta-feira, 29, resultou na aprovação de uma proposta conservadora que tem como objetivo endurecer o controle sobre a imigração. A participação da AfD nesta votação gerou uma onda de indignação, levando, por exemplo, Albrecht Weinberg, um sobrevivente do Holocausto, a devolver sua medalha da Ordem Federal de Mérito em sinal de protesto. Além disso, Michel Friedman, ex-dirigente da CDU e uma figura influente na comunidade judaica, anunciou sua saída do partido como forma de protesto.
Em meio à controvérsia, Merkel decidiu fazer uma rara manifestação na política interna, condenando a posição de Merz. Ela afirmou: “Acredito que esteja errado”, recordando que ele havia se comprometido, em novembro, a buscar parcerias exclusivamente com partidos democráticos.
Diante das críticas, Merz, que é candidato favorito para a chancelaria nas eleições programadas para 23 de fevereiro, defendeu sua posição e negou ter transgredido a divisão histórica existente entre os partidos tradicionais e a AfD. Ele argumentou que a proposta em questão era necessária e que não tinha controle sobre quem a apoiava. O líder da CDU minimizou as manifestações contrárias, sugerindo que a oposição estava exagerando. Ele afirmou: “O direito de demonstrar só vai até certo ponto”.
Na quinta-feira, 30, uma grande manifestação tomou conta das ruas de Berlim, com milhares de pessoas cercando a sede do partido de Merz, o que levou funcionários a deixarem o local mais cedo por razões de segurança.