É desolador observar pessoas sendo deportadas com correntes nos pés e na cintura, mesmo que tenham buscado melhores oportunidades de forma irregular. Não há motivo para envergonhar-se disso, e é fundamental buscar soluções para que as deportações prometidas por um determinado líder não causem humilhação aos deportados. O foco deve ser a negociação, e não se deixar levar por declarações irresponsáveis, como o tuíte impulsivo de um presidente à 1 hora da manhã, desafiando outro líder ao recusar a chegada de aviões com deportados colombianos. A resposta explosiva do líder americano demonstrou a relevância de agir com prudência, em vez de se deixar levar pelo nacionalismo exacerbado. Quem realmente sai prejudicado em um embate entre a Colômbia e os Estados Unidos? Que impacto o tuíte imprudente poderia ter sobre a vida de milhares de colombianos que visitam, estudam ou fazem negócios com os EUA? Criar uma crise desnecessária é um comportamento típico de líderes impopulares e desequilibrados. E o presidente em questão se enquadra em ambas as categorias. Ele, que tem um passado guerrilheiro, já declarou que o petróleo é mais perigoso que a cocaína.
O fenômeno de líderes latino-americanos esquerdistas que fazem gestos populistas é bastante comum, mas para se manter como populista é necessário ter aceitação popular, como fez um ex-líder venezuelano, e a rejeição ao presidente colombiano chega a 60%. Os colombianos arriscaram ao escolher seu líder e logo lamentaram a decisão, como se fosse uma compra impulsiva. Em pouco tempo, ele estabeleceu o que se pode chamar de “princípio Petro”: tudo o que ele faz resulta em problemas, quanto mais declarações faz, mais erros comete, e não há chance de que algo dê certo. Talvez muitos colombianos tenham acreditado que, como ex-militante, ele teria um entendimento mais profundo dos grupos ainda envolvidos em atividades guerrilheiras. A “paz total” prometida por ele se transformou, nas últimas semanas, em intensos combates entre um grupo guerrilheiro e dissidentes de outra facção. A razão para tal conflito é a disputa pelo controle das plantações de coca. É assim que se traduz a trajetória da esquerda armada na Colômbia.
“Criar uma crise desnecessária é um comportamento típico de líderes impopulares e desequilibrados.”
“As pessoas diziam ‘quase ganhei'”, referindo-se a um dos memes sobre o presidente, em meio a uma série de piadas que superaram até aquelas feitas quando ele revelou seu cabelo implantado ao tirar o boné que usou incessantemente por semanas. No entanto, nem mesmo um implante de ideias poderia ajudar um presidente que demonstra constantes exageros, sempre escolhendo as palavras erradas nos momentos inadequados. Ele rompeu relações com um país e defendeu um ditador que já estava fugitivo. Em um discurso cativante, um autor renomado fez uma exposição das loucuras vividas por líderes latino-americanos. Ele enumerou exemplos de líderes que atravessaram a história e seus comportamentos excêntricos, como um general que organizou um funeral extravagante para uma de suas pernas perdidas em batalha. Assim, em resposta às sanções, o presidente colombiano, antes de recuar, celebrou seu país, referindo-se a figuras fictícias de sua história. É mais provável que ele termine em uma posição igualmente trágica, como um personagem em uma de suas obras literárias.