O fentanil, um opioide sintético, é um dos principais responsáveis por uma séria crise de saúde pública nos Estados Unidos, onde foi associado a mais de 70 mil mortes por overdose. As autoridades têm alertado que essa substância é 50 vezes mais potente do que a heroína e, por ser mais fácil e barato de produzir, tem se tornado a principal causa de morte entre jovens de 18 a 45 anos. O Departamento de Controle de Drogas dos EUA identifica a China como a maior fonte de produtos químicos utilizados na fabricação do fentanil contrabandeado.
Em resposta à crise, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, implementou altas taxas alfandegárias sobre produtos importados do Canadá, México e China, buscando pressionar esses países a tomarem medidas efetivas contra o tráfico de fentanil. Embora a China tenha introduzido controles mais rigorosos em 2019, o tráfego direto foi reduzido, mas os precursores químicos continuam a ser enviados ao México, onde são processados e depois levados para os Estados Unidos. Na China, a maioria dessas substâncias é legal e utilizada para fins médicos.
O governo de Joe Biden, sucessor de Trump, também adotou medidas para combater a crise do fentanil. Em outubro de um determinado ano, várias entidades e indivíduos na China foram sancionados por seu papel como fornecedores de traficantes e cartéis mexicanos. Esses grupos, muitas vezes localizados em Wuhan e em outras regiões da China, são acusados de exportar grandes quantidades de fentanil e de seus precursores para o México e os EUA.
Em novembro de 2023, os presidentes Joe Biden e Xi Jinping se comprometeram a reiniciar discussões sobre o controle do fentanil. A China anunciou que implementaria um controle mais rigoroso sobre três componentes principais da substância, mas especialistas advertem que os traficantes costumam se adaptar rapidamente, desenvolvendo novas variantes químicas para evitar as restrições. As críticas incluem a falta de rigor suficiente da China em relação às empresas que participam desse comércio.
Apesar da intenção de Trump de endurecer as políticas contra a China, não há certeza de que o aumento das tarifas alfandegárias terá o efeito desejado. Esse tipo de medida pode, na verdade, resultar em consequências indesejadas. A China tem se mostrado mais cooperativa com países onde mantém boas relações em questões de aplicação da lei e combate ao tráfico, mas a colaboração com países que têm uma relação mais tensa tem sido escassa. Além disso, há preocupações em torno da lavagem de dinheiro, pois cartéis internacionais utilizam cada vez mais grupos especializados na China para esse fim.
Em relatos recentes, pesquisadores enfatizam que conseguir apoio da China é um passo crucial na luta contra o fluxo ilícito de fentanil e seus precursores.